Arquivo mensal: agosto de 2016


SINAIS DE ALERTA PRECOCE

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13 SINAIS DE ALERTA PRECOCES DE QUE SEU NOVO PARCEIRO POSSA SER UM CONTROLADOR

(por Donna Andersen, tradução livre de http://www.lovefraud.com/2016/08/29/13-very-early-warning-signs-that-your-new-partner-may-be-a-controller/ por Júlia Bárány)

 

A melhor maneira de escapar um relacionamento controlador ou abusivo é sair fora antes de se enganchar emocionalmente. Mas como é que se pode perceber quando um interesse romântico pode se tornar um parceiro problemático?

Eis 13 sinais de alerta bem precoces. Seu novo parceiro:

  1. Monopoliza seu tempo

Você passa todo o seu tempo livre com seu parceiro, mas se você se encontra com outra pessoa, seu parceiro não gosta, se magoa ou até fica com raiva.

  1. Telefona ou manda mensagens constantemente

Além de vocês se verem constantemente, ele fica ligado em você o tempo todo. Se você não responde imediatamente, e ele quer saber porque, é um sério alerta.

  1. Provoca sua compaixão

Fala de sua infância difícil, de seu chefe manipulador, ou de seu ex parceiro amoroso traiçoeiro, abusador ou desequilibrado (são acusações muito comuns dos próprios abusadores)

  1. Tem reação exagerada a algo trivial e insignificante

Fica com raiva ou amuado sem razão plausível, ou acusa você de dizer ou fazer algo que simplesmente não aconteceu.

  1. Está estressado e diz que a culpa é sua

Durante a discussão ou a briga, ele reage: “Foi você que provocou isso”, ou “Você me deixa maluco”, ou algo semelhante. Culpar o outro por aquilo que ele mesmo fez é uma técnica de controle clássica.

  1. No início, ele lhe dá presentes extravagantes

Vocês estão namorando faz pouco, mas você já ganha dele presentes caros, ou ele lhe oferece dinheiro para cobrir seus gastos, e isso parece fora de lugar. É uma tentativa de você se sentir em dívida com ele.

  1. Você vê um repentino traço de maldade que não combina

Pode nem ser com você, mas com o garçon, o motorista. Preste atenção porque pode ser que por uns instantes a máscara caiu e revelou o que há por trás.

  1. “Para que isso?”

Ele diz ou faz algo negativo, e você reage: “Para que isso?”. Se você ficou chocado, não desconsidere o episódio.

  1. Tudo entre vocês acontece do jeito dele

Vocês vão onde ele quer e fazem o que ele quer. Mesmo aparentemente agradando você, vocês acabam fazendo o que ele quer. Se fizerem o que você quer, ele faz de tudo para dar errado e você se arrepende de ter insistido.

  1. Critica você

Se no início tudo era maravilhoso em você, agora você começa a ter um monte de defeitos. A desculpa é que ele quer ajudar você e que é para o seu próprio bem. Não há apoio como um parceiro amoroso deveria lhe dar.

  1. Ataca você fisicamente, mesmo sem machucar

Esse é um dos maiores sinais. Mesmo se disser que foi sem querer, ele está testando você. Está treinando você a aceitar e se acostumar aos maus tratos.

  1. Ultrapassa seus limites sexuais

Faz sugestões ou exigências desconfortáveis ou desagradáveis para você, justificando que é para aumentar a excitação sexual. É o início da escalada.

  1. Você se sente sugado

As exigências são veladas, e você nem sente que está sendo sugado. Ou você precisa se defender constantemente. Lembre-se de que os controladores sugam sua energia vital.

 

O que fazer?

A desculpa é que ele quer passar tanto tempo quanto possível com você. Você releva todos os sinais de alerta porque afinal ele foi tão vitimado que precisa de atenção e carinho.

Como você sabe se são sinais de alerta?

Ouça sua intuição. Se algo o faz se sentir mal, investigue porque. Nenhum mau comportamento é justificável.

O mais importante é cair fora se os sinais são alarmantes. Quanto mais cedo você sair, melhor para a sua segurança.


VULNERABILIDADE

 

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(inspirada por e interpretando a palestra de Brene Brown[1] por Julia Bárány)

“Nessa palestra, Brene Brown analisa, após anos de profunda pesquisa, como o fator vulnerabilidade se revela decisivo para as interações humanas, o senso de comunidade e, mais amplamente, para a capacidade humana de sentir empatia e pertencimento.”

Para não ter caído na armadilha, você deveria ser invulnerável. Essa é a crença.

A realidade é bem outra.

Conexão é o que dá sentido às nossas vidas. Estamos aqui para nos relacionar com os outros. Somos construídos neurobiologicamente para nos conectar. O medo de nos desconectar e com isso colocarmos a nossa sobrevivência em risco vem da vergonha e do próprio medo. A vergonha se baseia na crença de não sermos bons o bastante. Mas o que fundamenta tudo isso é uma angustiante vulnerabilidade. Para que a conexão ocorra, é preciso permitir que os outros nos vejam. Para deixar que os outros nos vejam, precisamos nos sentir merecedores de atenção. Para nos sentirmos merecedores de atenção, precisamos de um sentimento de pertencimento e de amor, de amar e sermos amados. Quem se sente merecedor de pertencimento e de amor é porque acredita que merece pertencimento e amor. Portanto, o medo de não merecermos conexão é o que nos impede de nos conectarmos.

Para nos sentirmos merecedores de conexão, precisamos de coragem e de compaixão. Coragem não é ousadia, é agir a partir do coração. A palavra coragem vem de cor, cordis que é coração em latim. O significado original de coragem é contar sua história com a integridade de seu coração. Então, é preciso ter coragem de ser imperfeito.

É preciso ter compaixão consigo mesmo primeiro para depois ter compaixão para com os outros. Então a conexão acontece como consequência da autenticidade. Isso significa desapegar-se do que você deveria ser e simplesmente ser o que você é, uma condição indispensável para se ter conexão. Com isso é preciso abraçar totalmente a vulnerabilidade. É se abrir sem garantias.

Vulnerabilidade se fundamenta em vergonha, em merecimento, em pertencimento, mas também é fonte de alegria, criatividade e amor.

Todos nós batalhamos com a vulnerabilidade. E o que fazemos com ela? Nós a anestesiamos. Mas nós vivemos num mundo vulnerável. Aprendemos a anestesiar nossa vulnerabilidade com dívidas, comida, vícios e medicamentos. Mas quando recorremos à anestesia, anestesiamos todas as emoções, pois não dá para sermos seletivos nisso. Anestesiamos alegria, anestesiamos gratidão, felicidade. O resultado é infelicidade, vulnerabilidade, que nos impele a buscar soluções. Entramos no ciclo de infelicidade, anestesia, mais infelicidade.

A anestesia pode ocorrer de várias maneiras, não só pelo vício. Podemos tornar certo tudo o que é incerto. Podemos nos entregar à religião das certezas e abandonar a fé e o mistério. Entregamo-nos ao ciclo da culpabilização, que em pesquisa se define como uma maneira de descarregar dor e desconforto. Buscamos a perfeição.

Mas precisamos aceitar a imperfeição, porque ela é real. Perfeição não é.

Fingimos que o que fazemos não tem efeito nos outros. Só precisamos ser autênticos e reais. Reconhecer nossos erros e consertá-los.

É preciso deixar que os outros nos vejam de forma profunda e vulnerável, amar de todo o coração, mesmo sem garantias, o que é extremamente difícil. Praticar gratidão e alegria.

Ser vulnerável é estar vivo. Acreditar que somos suficientes. Porque então paramos de gritar e passamos a ser gentis e generosos conosco e gentis e generosos com os outros.

 

Aqueles que caem na armadilha do psicopata são seres humanos imperfeitos e vulneráveis como todos os seres humanos são. Os psicopatas sabem muito bem como usar a imperfeição e a vulnerabilidade das pessoas a seu favor. Essa é a técnica manipulativa desses predadores. Portanto, não podemos nos culpar por sermos imperfeitos e vulneráveis.

Após uma experiência com um psicopata, o sobrevivente, devastado, tem um caminho a percorrer de volta à sua humanidade.

[1] Brené Brown (Palestra em português https://www.youtube.com/watch?v=n7tql5Oxol4, originalmente em inglês http://www.ted.com/talks/brene_brown_on_vulnerability)

 

(Trecho de nossa futura publicação: Manual de sobrevivência para vítimas de psicopatas)


PARA OS ADVOGADOS: SAIBAM QUEM É O AGRESSOR DE SEU CLIENTE

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O que você precisa entender sobre os psicopatas – por Júlia Bárány

  • O principal objetivo do psicopata é poder e controle. Tudo que eles querem é ganhar, pois o tribunal é um lugar de jogo, de brincadeira.
  • Os psicopatas adoram o drama da corte. Nem consideram a possibilidade de perder. Mas se isso acontece, eles o consideram um acidente de percurso, e vão atacar de novo. Forçar o alvo a ter despesas legais é um ganho para eles.
  • Psicopatas mentem e o fazem convincentemente. Não se incomodam nem um pouco com mentir apresentando documentos e testemunhos falsos ou fabricados.
  • Psicopatas manipulam outras pessoas para mentir por eles. Essas testemunhas podem nem saber que estão mentindo, convencidas que estão que o que o psicopata lhes contou é a mais pura verdade.
  • O psicopata tenta se limpar jogando sujeira nos outros. Quanto mais correta e íntegra for a vítima, quanto mais qualificada socialmente, profissionalmente, quanto melhor for sua reputação, maior é a necessidade do psicopata de desacreditá-la com uma bem planejada campanha de difamação, baseada nas mais abjetas mentiras. A calúnia perpetrada dessa forma tende a se espalhar com muita facilidade porque incita a vingança movida pela inveja dos outros e assim o escândalo aumenta.
  • Psicopatas não sentem obrigação alguma de cumprir as ordens da corte ou a lei. Só o fazem se perceberem alguma vantagem nisso. São peritos em inventar jeitos de usar a lei a seu favor, com o objetivo de esmagar seu oponente.
  • Seu cliente sofreu abuso e enfrentar o abusador no tribunal é em si uma situação abusiva. O cliente fica completamente incapaz de se defender ou mesmo de parecer equilibrado, dando uma impressão inversa ao juiz, favorecendo o agressor em sua compostura calma e aparentemente equilibrada.
  • Por mais esquisito e inverossímil que lhe pareça a história de seu cliente, comece acreditando. E vá pesquisar e saber o que é um psicopata.
  • Seu cliente sofreu isolamento de seu sistema de suporte, abuso emocional, psicológico, verbal, físico, sexual ou financeiro, e o psicopata o fez duvidar de suas próprias percepções.
  • Seu cliente pode ter Transtorno de Estresse Pós-Traumático, que é um dano psiquiátrico, não é uma doença mental. Pode ter pensamentos intrusivos, dificuldade de se concentrar e exaustão.
  • Se você não souber defender seu cliente, ele sofrerá novo abuso, dessa vez, abuso legal.

 

“No ambiente urbano os criminosos preenchem o papel natural dos predadores. Enquanto as estratégias que os criminosos usam variam amplamente, existe uma importante distinção entre dois tipos de criminosos, o psicopático e o não-psicopático.

O criminoso não psicopático é o tipo mais conhecido do público. Para esses criminosos, o crime é um mecanismo de sobrevivência que os antropólogos chamam de A Estratégia da Trapaça. A Estratégia da Trapaça se refere simplesmente à vantagem que a trapaça fornece em termos de sobrevivência. Por exemplo, uma pessoa pode gastar oito horas por dia trabalhando para ganhar uma determinada quantia de dinheiro, mas um ladrão pode gastar apenas alguns minutos para ganhar o que o outro gastou oito horas para adquirir. A estratégia da trapaça do ladrão é eficiente quanto ao custo – os ganhos excedem em muito as despesas.

Porém, o homem é um animal social e os trapaceiros são raramente tolerados numa sociedade recíproca em que todos trabalham juntos para os benefícios comuns e participação igual nos frutos. A sociedade desenvolveu a instituição de vingança e castigo como um contrapeso à estratégia da trapaça. Um ladrão que rouba o salário do outro pode estar agindo de forma eficiente quanto aos custos, mas se o ladrão for em seguida apanhado e forçado a servir cinco anos na prisão, ele verá que os custos agora excedem em muito os benefícios.

Portanto, a prevenção de crime requer tornar os custos do uso da estratégia da trapaça maiores do que os benefícios, forçando os criminosos a trabalhar mais duramente e aumentando suas chances de serem pegos. Em outras palavras, fazendo com que o crime não compense.

A estratégia da trapaça costuma ser usada quando as pessoas estão em desvantagem. Pobreza, baixa inteligência e uma educação pobre são as causas básicas de muito comportamento criminoso. A maior parte da literatura sobre segurança contra crime e autodefesa focaliza este tipo de atividade criminosa, defesa contra assalto, prevenção de roubo, defesa do lar e assim por diante. Este tipo de crime tem uma lógica. Uma pessoa tem algo que a outra não tem, e assim esta usa trapaça para adquirir isto. Os métodos empregados não podem ser aceitos, mas dá para entender a motivação dessas ações.

Outro tipo de conduta criminosa cometida por não-psicopatas são os crimes passionais. Esses atos de violência provêm de tormenta emocional e nossos instintos primitivos. Muitas pessoas medíocres são capazes de cometer assalto, estupro e assassinato no calor da paixão especialmente se impulsionadas por drogas ou álcool. Enquanto atos que cometem são patológicos, essas pessoas não são necessariamente psicopatas.

Porém, quando se trata do segundo tipo de criminosos, as motivações básicas se tornam surreais. Os psicopatas certamente usarão a estratégia da trapaça, mas raramente ela é necessária para a sua sobrevivência. O psicopata milionário não hesitaria em roubar uma criança faminta. Obviamente, a sobrevivência do milionário não está em jogo. Não existe uma lógica óbvia de quais motivos poderiam sustentar tal conduta. Os psicopatas costumam evadir a justiça por esta mesma razão. Nos julgamentos criminais, a acusação deve atribuir um motivo para o réu. Porém, no caso dos psicopatas, seus motivos são tão bizarros e estranhos que mesmo se um advogado pode explicá-los, a maioria dos jurados não acredita nele. O psicopata também pode assaltar, estuprar e assassinar, mas raramente é um crime passional. Ao contrário é um plano frio e calculado para ganhar o que o psicopata quer.

De todos os tipos criminosos que habitam nossa sociedade, o psicopata é de longe o mais destrutivo, o mais bem-sucedido e o menos entendido. Por estas razões, qualquer programa de autodefesa precisa começar com um estudo do mais perigoso predador do planeta.”[1]

[1] Verstappen, Stefan. The Art of Urban Survival (A Arte da Sobrevivência Urbana), cap. Defesa contra os psicopatas – uma breve introdução aos predadores humanos, 2011, Woodbridge Press, Toronto, Canada.

 


COMO OS PSICOPATAS USAM O AMOR

ALICIAR, CORROER, CONTROLAR – É ASSIM QUE OS PSICOPATAS USAM O “AMOR”.

Por Donna Andersen, traduzido livremente por Júlia Bárány de:

http://www.lovefraud.com/2016/08/11/entice-erode-control-just-some-ways-sociopaths-use-love/

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Sobre Economia e Sapos em Água Quente

 

Você não precisa ter estudado Economia para saber que a escassez aumenta o preço. Um gole de água para alguém ressecado no deserto é imensamente mais valioso do que o mesmo gole de água no final de uma refeição num restaurante com toalhas brancas onde um garçom atencioso enche o seu copo constantemente. Será que com amor é diferente? Um único gesto de bondade ou expressão de amor num fluxo de afeição pode passar despercebido. O valor desse mesmo gesto num ambiente privado de amor, porém, é incomensurável.

Como os seres humanos valorizam o amor, muitos que querem controlar os outros usam o amor ou a promessa de amor para controlar e enfraquecer emocionalmente os outros. Tomando um capítulo do “Livro de Jogos do Psicopata”, Paulo começou por me fazer amá-lo e confiar nele. Em seguida, ele explorou minha confiança enquanto modificava meu mundo de abundância de amor e positividade para carência de amor e negatividade. Com isso ele conseguiu poder sobre mim, porque ele passou a ser a fonte primária de algo que eu valorizava, mas raramente recebia: afeto.

Por que uma mulher confiante, que se respeita, toleraria tal conduta? Num nível básico, não sou diferente de um sapo, e tristemente, nem você é. Fala-se tipicamente em ambientes de negócios que, quando um sapo é colocado em água quente, ele pula imediatamente para se salvar (se ele puder). A aritmética mental do sapo é muito simples: Água quente > Ai! > Pular!> Viver!

Porém, se esse mesmo sapo for colocado numa água confortável e o fogo é aceso e aumentado bem devagar, o sapo vai permanecer da panela até ser fervido e morrer, porque a mudança que ameaça sua vida é gradual demais para que o sapo consiga perceber. Na ausência da percepção de perigo, os instintos de autopreservação do sapo não são ativados e não o mandam pular fora. No cérebro do sapo, a situação provavelmente é algo assim: Água gostosa > Quentinha > Mais quente > um pouco mais quente> Muito quente > Realmente quente > Fervendo> Sapo morto!

A moral da história do sapo é que é difícil sentir mudanças no ambiente quando a mudança é sutil, porém contínua. Logo pequenas mudanças se acumulam, promovendo mudanças significativas e, finalmente, alterações profundas e possivelmente desastrosas no ambiente. Se uma empresa falha em sentir tais mudanças, não consegue tomar as medidas necessárias. Mesmo se o proprietário estiver consciente dos sintomas de saúde precária, tais como diminuição de lucros, ele ou ela podem não entender a causa raiz por trás disso e, portanto, podem não ser capazes de efetuar as necessárias correções de rumo. Finalmente, o negócio morre.

Eu não sou perita em sapos, mas se o sapo tem alguma semelhança comigo, talvez seja devido à natureza gradativa da mudança, pois quando o sapo sente o perigo, já está tão enfraquecido pela água fervendo que não consegue mais pular fora. O sapo pode até querer pular, mas ele está sendo fervido num fogão a gás, e não sabe se consegue pular por cima das chamas e se salvar. De maneira semelhante, o período mais perigoso para uma mulher que tenta fugir de um relacionamento abusivo é quando ela de fato tenta ir embora. Daí, a pergunta: “Por que você simplesmente não foi embora?” é um insulto ignorante. Em ambos os casos, talvez o sapo queira se salvar, mas não consegue. Ele precisa de ajuda para sobreviver. Alguém precisa ou desligar o fogão ou agarrar o sapo e tirá-lo fora da panela. Do contrário, o sapo sabe que está fraco e em perigo, mas precisa se conformar com seu terrível destino. Isso ecoa a sensação de impotência que muitas mulheres emocionalmente e/ou fisicamente abusadas sentem, e é uma dentre as muitas razões porque é tão difícil para elas abandonar relacionamentos abusivos. Eu entendo isso agora, porque, devido ao meu relacionamento com Paulo, sou uma dessas mulheres.

Para piorar ainda mais, é possível fazer o sapo pular de livre e espontânea vontade, feliz, para dentro de uma panela de água gostosa, se essa for camuflada como exatamente o perfeito habitat para o sapo, com tudo que o sapo precisa para sua sobrevivência e bem-estar duradouros (alimento, um companheiro, um teto, uma temperatura agradável, e assim por diante). Será que o sapo poderia não ter escolhido um habitat que lhe parecia tão perfeito? Será que o sapo é fraco e patético por ter ficado enquanto o ambiente mudava, mesmo que não pudesse perceber conscientemente as mudanças até que estivesse fraco demais para ir embora? Será que o sapo realmente escolheu ficar em tal ambiente tóxico se ele não tinha consciência da toxicidade?

Eu coloco essas perguntas porque, conforme você lê minha história, se você me julgar patética ou fraca, você está supondo que o que aconteceu comigo jamais poderia ter acontecido com você ou com alguém que você ama (supondo que você não ache que você ou seus entes queridos sejam fracos ou patéticos). Mas isso seria um erro. Basta você assistir a dez episódios de um seriado criminal. Que porcentagem dos familiares e amigos mais íntimos dos indivíduos que se revelaram não só psicopatas mas assassinos achava que o assassino era nada mais que um maravilhoso pai, filho, irmão ou líder comunitário?

Sim, é um grande drama focalizar em “quem fez isso” e “como eles resolveram o crime”, mas não seria de utilidade pública maior desvelar os sinais de alerta? Como os outros poderiam saber, por exemplo, que o chefe do comitê de entretenimento, pai de dois, e treinador do time infantil acabou se revelando um psicopata que enjoou de sua esposa e a matou simplesmente para evitar consequências financeiras e inconveniências pessoais de um divórcio? Pessoas normais não fazem tais coisas, mas psicopatas sim! Quais eram as bandeiras vermelhas? Como é que as pessoas envolvidas poderiam saber? Que sinais sugerem que poderíamos estar em uma situação semelhante?

“Meu marido é respeitoso e afetuoso. Ele simplesmente não pode ter matado sua terceira esposa”, a quarta esposa diz em rede de TV, apoiando o seu homem mesmo quando a evidência contra seu marido é avassaladora. “O homem que eu conheço simplesmente não é capaz de tal coisa.”

Sim, isso é bom para um drama na TV, mas testemunhar a favor do caráter de alguém pressupõe que o que você sabe sobre uma pessoa em determinadas situações se estende para todas as situações, e isso é um problema. Essa conclusão nem serve quando se trata de não psicopatas, mas é terrível quando se trata de psicopatas. Seria o mesmo concluir que só porque Meryl Streep retratou de maneira convincente uma sobrevivente de campo de concentração da Segunda Grande Guerra emocionalmente atormentada em A Escolha de Sofia ela jamais poderia de maneira convincente fazer o papel da Primeira Ministra Inglesa Margaret Thatcher em A Dama de Ferro. Ela ganhou o Oscar por ambos papeis. Assim como Meryl Streep, os psicopatas são atores muito eficientes, mas o palco deles é o mundo real. Os psicopatas são excepcionalmente bons em mascarar sua verdadeira identidade e fazer qualquer papel necessário para obter o que eles querem, inclusive um casamento duradouro para lhes fornecer uma base familiar calorosa e acolhedora e a ilusão de normalidade.

Histórias de TV sobre psicopatas fazem um drama tão atraente, porque virtualmente ninguém suspeita de antemão o que esses indivíduos realmente são. A apaixonada quarta esposa, por exemplo, ama verdadeiramente seu marido e acredita sinceramente que ele jamais poderia ter matado alguém. Mas se for verdade o que os peritos afirmam que entre um a quatro por cento dos seres humanos são psicopatas, então a nossa única defesa para não cair na armadilha de um psicopata é entendermos a prevalência de psicopatas em nossas vidas cotidianas, estarmos alerta para sinais sutis, e entendermos quais aspectos de nossa humanidade que eles usam contra nós.


HONESTIDADE? O QUE É ISSO?

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(por Júlia Bárány baseado no artigo de Donna Andersen: http://www.lovefraud.com/2016/08/01/10-reasons-to-roll-your-eyes-at-sociopaths/)

 

Tudo que os psicopatas dizem é por que querem algum efeito. Eles não são capazes de comunicação honesta – cada frase deles tem uma segunda intenção.

Se você tem um psicopata na sua vida, o seu objetivo é chegar ao ponto de conseguir não levar nada a sério que ele diga. Quando ele promete, não espere que dessa vez vai cumprir de fato. Sua reação deveria ser: “Tá, vamos ver.”

Quando você ouvir qualquer uma das afirmações a seguir, o melhor que você pode fazer é rolar seus olhos:

  1. Eu te amo

Impossível, os psicopatas não são capazes de amar.

  1. Eu nunca mais faço isso

Sim, ele vai, embora possa demorar um pouco. Os psicopatas conseguem controlar sua conduta, portanto, se eles precisam convencer você a ficar, eles vão se comportar direitinho. Mas por fim eles vão fazer de novo aquilo que disseram que não fariam.

  1. Confie em mim

Não, não, NÃO! De jeito nenhum! Essas pessoas não são confiáveis!

  1. Você esta maluca, tem problemas psicológicos, e precisa de tratamento

Essa é uma estratégia típica do psicopata. Ele vai lhe dizer que você esta psicologicamente desequilibrada. Ele vai dizer isso com tanta preocupação por você que você acha que ele realmente se importa com você. NÃO! Ele está tentando destruir você.

  1. Outras pessoas acham que você está maluca, psicologicamente doente, e deveria se tratar

Outra estratégia típica. Ele vai lhe contar todas as coisas horríveis que os outros falam de você. Você, é claro, fica perturbada e confusa, e nunca pergunta a essas pessoas se elas realmente falaram aquilo. Na verdade, elas nunca disseram isso! O psicopata faz isso para desgastar seu sistema de suporte e isolar você.

  1. Eu vou fazer terapia

Não, é mais provável que ele não vá. E nem importa mesmo porque depois que o psicopata vira adulto não há mais jeito.

  1. Eu nunca vou trair de novo

Oh, sim, ele vai. Traição e promiscuidade estão arraigadas no transtorno dele. Ele pode estar traindo na mesma hora em que faz essa afirmação. Eles jamais deixam de trair.

  1. Você está me traindo com seu colega de trabalho, vizinho, entregador…

Os psicopatas costumam acusar veementemente você de traição e de outras coisas que eles mesmos fazem. Sua reação natural é se defender. Lembre-se que eles fazem isso para conseguir um efeito! Provavelmente ele sabe que você não está traindo, mas quer minar você. (E se você estiver de fato traindo, nunca, nunca confesse!)

  1. Você precisa perdoar porque a religião (filosofia, Bíblia) manda

Os psicopatas costuma fingir que renasceram, que mudaram de vida, que se tornaram piedosos, espirituais, que resgataram algo precioso dentro deles. Não se engane, eles não o fizeram. Eles não se importam nem um pouco com essas coisas. Mas vão usar a espiritualidade e a filosofia para controlar você.

  1. Eu vou me matar

Ou ele está mentindo e quer que você se sinta culpada, ou está falando sério. Em ambos os casos, você não tem como resolver o problema. O melhor é chamar a polícia.

Reconheça que nada que o psicopata fale é sincero, e o melhor que você pode fazer é ignorar qualquer coisa que saia da boca dele – com uma única exceção. Se o psicopata ameaça você, preste muita atenção. Se ele ameaça machucar você, arruinar seu trabalho, tirar os filhos de você, e você sente que ele é capaz disso, tome todas as precauções possíveis.

Mas quando o psicopata diz qualquer coisa que possa enganchar você novamente, ora, simplesmente não leve a sério.


MUITO OCUPADO 1

360

O psicopata tem tempo para todos menos você

(texto por Júlia Bárány baseado em https://www.psychopathfree.com/articles/too-busy-when-sociopaths-have-time-for-everyone-except-you.360/

 

No início, o narcisista e/ou o psicopata focalizou sua atenção tipo raio laser em você, como se você fosse a única pessoa neste mundo. Ele regou você com afeição, maravilhado com quantas coisas vocês tinham em comum. Seu coração se aqueceu com toda essa apreciação e demonstração de quanto essa pessoa queria você.

Mas uma vez que você estava enganchado/a, tudo começou a mudar. De repente ele se mostrava enjoado com o nível de comunicação (que ele iniciou). Se outrora ele se comunicava com você o tempo todo, telefonando para você dos mais distantes lugares, agora desaparecia por dias inteiros sem dar satisfação. O pior é que você parecia carente e grudento, como se você fosse maluco por tentar reaver a dinâmica que ele criou não você.

Enquanto você era ignorado por horas e dias, você foi recebendo dicas e indícios da atividade dele com outras pessoas. Ele tinha tempo para todos menos para você. Em vez de romper o relacionamento com você como qualquer pessoa normal faria, no caso de perder interesse em uma pessoa, ele voltava a cumular você de atenção e de mimos quando você dava sinais de afastamento só para garantir o gancho que ele havia criado.

E nesse vai-e-vem, nessa gangorra, você ficou, até o esgotamento total de suas forças emocionais e de sua sanidade.

A traição final chega quando você percebe que ele esteve dormindo com outra pessoa, e todas as desculpas de estar muito ocupado foram de fato um monte de enganação e de coisas sem sentido. Não só ele estava traindo você, mas também estava fazendo você se sentir mal com isso. E o que há de ridículo nisso é que ele de fato se irritava com você, como se estivesse de fato muito ocupado e você fosse alguém insensível.

Reter afeto é uma maneira muito eficiente de fazer o outro se sentir um lixo. A autoestima do outro vai lá para baixo, enquanto vai se contentando com migalhas cada vez menores. E você se esqueceu de que se alguém realmente se importa com você, vai arrumar tempo para dedicar a você. E tampouco você se deu conta de que um relacionamento verdadeiro jamais começa com esse monte de atenção e bajulação.

No final você fica confuso/a, sentindo-se um lixo e morrendo de ciúmes. Seu coração não para de doer, e você se compara com todo mundo, inclusive e principalmente com a(s) nova(s) conquista(s) dele. O que será que ela tem que eu não tenho? Por que ela parece tão feliz, e eu não consegui manter a minha felicidade? Culpa só minha!

Essa é a armadilha na qual você cai constantemente.

Sua cura começa quando você para de focalizar nele e começa a se amar e cuidar de suas feridas.