Arquivo mensal: outubro de 2016


ABUSO VELADO

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LIDANDO COM ABUSO VELADO

Por Júlia Bárány,

 

Abuso velado é difícil de identificar porque é…. velado. Passa desapercebido pelos radares, não é detectado. Se o abuso aconteceu na infância, é mais insidioso ainda porque a criança tem poucos pontos de referência. Ela não sabe que sofreu abuso.

O que é abuso velado?

Abuso velado é qualquer tipo de conduta oculta e enganosa do abusador usada para manipular os outros a fim de obter poder e controle.

Incesto emocional é um tipo de abuso velado. Incesto emocional é um incesto velado, pode ou não envolver abuso sexual. Esse tipo de exploração acontece quando um progenitor usa seu filho como apoio emocional próprio de um companheiro/a, não de uma criança. Obviamente, é peso demais para uma criança.

Abuso velado também é o abuso que um psicopata, ou outro tipo de pessoa tóxica pratica com suas vítimas.

 

Abuso velado tem a seguinte dinâmica:

– os abusos ocorrem “casualmente”

– são sutis, fáceis de ignorar, negar e minimizar

– raramente ocorrem apenas uma vez

– interações podem incluir: criticismo, violação de limites, sensualidade, dissonância cognitiva, tortura psicológica, confabulação

– o abusador é visto pelos outros como “uma boa pessoa”, amistoso, acima de qualquer suspeita

– o abusador é extremamente convincente

– as vítimas se dessensibilizam de suas próprias vivências de abuso

 

Como identificar abuso velado:

A maioria dos sintomas é detectável no alvo. A vítima de abuso velado acredita que não tem razão de se sentir mal, questiona sua percepção da realidade, sofre de ansiedade e depressão, ou acha que algo não está certo no relacionamento, mas não consegue identificar o que é. As vítimas tendem a culpar a si mesmas.

 

Como se curar do abuso velado?

A cura exige que a vítima se empodere. Que esteja preparada para se curar sozinha e aprenda a confiar em si mesma sem muito apoio dos outros, porque é extremamente difícil explicar aos outros esse tipo de abuso. A grande maioria das pessoas não entende e até pode considerar a vítima ingrata, maluca ou ela própria abusiva. Esta cura de abuso velado é muito mais uma cura solitária do que da grande maioria explícita de feridas.

Um método básico de superar o abuso velado leva tempo: aprender a confiar em si mesmo. Você precisa chegar ao ponto de, não importa o que o abusador diga ou faça, ou o que os outros digam para invalidar sua vivência, você acredita é em você.

Para confiar em si mesmo é preciso olhar para dentro de si e ouvir sua intuição e seus sentimentos.

  1. Afirme mentalmente o que sua intuição lhe diz
  2. Verifique o que seu corpo sente
  3. Identifique os seus sentimentos e suas emoções. Exemplo: com raiva, traída, confusa.

Perceba que sentimentos comuns de abuso velado são: culpa, medo, confusão e vergonha. Esses sentimentos indicam que você está sendo invalidado pela outra pessoa. A invalidação é uma tática poderosa para você ser manipulado e controlado.

Depois de identificar o que está acontecendo no seu mundo interno, afaste-se na medida do possível do abusador velado, e faça uma desintoxicação. Procure amigos verdadeiros para falar. Ou conecte-se à natureza. Ficar um pouco no sol já poderá fazer você se sentir melhor. Se precisar, vá a um bom médico.

Só volte a interagir com o abusador, se for absolutamente necessário e quando você já tiver recuperado um pouco de sua energia e seu senso de realidade. Se for possível, afaste-se de vez.

Faça valer seus limites saudáveis, não permita que sejam transgredidos. É seu pleno direito!

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texto baseado em In PsychCentral, por Sharie Stines, Psy.D

http://pro.psychcentral.com/recovery-expert/2016/10/coping-with-covert-abuse/?utm_source=Psych+Central+Professional&utm_campaign=7022382df8-PRO_B_EMAIL_CAMPAIGN&utm_medium=email&utm_term=0_7ef5d0b4f0-7022382df8-30460681


Plano de fuga

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ACEITANDO O LUTO

Uma das diferenças entre romper com uma pessoa saudável e romper com uma pessoa com transtorno de personalidade é o grau em que seus sentimentos quanto ao rompimento se tornam complicados. No processo de dissolução, você tende a experimentar uma gama de sentimentos desde tristeza, mágoa, raiva, alívio, lamento, arrependimento – não importa quem tenha iniciado o término. Ao terminar relacionamentos com pessoas portadoras de transtornos de personalidade, esses sentimentos também acontecem, mas são acompanhados por complicados sentimentos de confusão e autocensura. As pessoas na sua situação perguntam: “Por que eu me sinto não mal com este rompimento, já que ele me tratou não cruelmente?” As pessoas perguntam porque elas continuam focalizando seus pensamentos e sentimentos na pessoa que as explorou, mentiu para elas, traiu-as e porque elas não conseguem simplesmente se sentir aliviadas e ir adiante. Os sentimentos normais associados com términos de relacionamentos são intensificados pela loucura do relacionamento; além disso, são agravados porque as pessoas se censuram por ter esses sentimentos que parecem “ilógicos” à luz da evidência.
O que você precisa saber se estiver passando por isso agora mesmo?
Primeiro, reconheça que a pergunta: “Por que continuo focalizando nisso se isso foi tão tóxico?” é totalmente normal. Aceite que essa experiência é mais do que comum como parte do processo de sua recuperação. Ao se empenhar em criar a próxima fase de sua vida, essas perguntas vão desaparecendo.
Segundo, entenda que mesmo que as dificuldades, engodos e exploração do seu ex tenham minado seu relacionamento, o relacionamento era importante para você. Sem dúvida você investiu muita energia, tempo, cuidado e boa vontade no esforço de cultivá-lo e fazê-lo dar certo. É triste quando relacionamentos não dão certo, e lamentamos quando eles terminam. Como com qualquer outro relacionamento que lhe foi importante, é certo passar pelo processo de luto agora, mesmo que você esteja lamentando a imagem que você tinha do relacionamento; suas esperanças no contexto; e as partes de você que foram exploradas ou rejeitadas.
Terceiro, quando a exploração e o engodo aconteceram, você não sabia, e você se dedicou a fazer o relacionamento dar certo. Na verdade, você provavelmente se esforçou ao máximo pelo relacionamento, sentindo pena do seu parceiro, que enquanto isso estava fazendo jogo com você. Você deu muito e recebeu pouco em troca, no final das contas. Quando a verdade veio à tona, tornou-se difícil reconciliá-la com a sua percepção idealizada do parceiro, e com o empenho dele em enganá-la com bombardeio amoroso, declarações, negação, gestos grandiosos, e controle. Diferente de perder um parceiro querido pela morte, que a tratou bem, a natureza complicada de seu relacionamento cria um complicado processo de luto, tal como quando um progenitor abusivo ou ausente morre. Embora o sobrevivente possa lamentar a morte, o que ele lamenta não é a perda da sua conexão com o progenitor, mas a perda da possibilidade de ter um progenitor com quem possa se conectar ou que se importava com ele.
Então, não resista ao luto, remova todos os gatilhos de luto ao seu redor, dedique tempo para viver o luto e atravessá-lo. Assim você se livrará disso também e poderá caminhar.
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Ault, Amber. The Five Step Exit: Skills you need to leave a narcissist, psychopath, or other toxic partner and recover your happiness now, Next Generation Books, Kindle Edition, US, 2015