Arquivo mensal: abril de 2017


AS TRÊS PERGUNTAS

O MODO DE AGIR DO PSICOPATA EM TRÊS PASSOS

Por Donna Andersen, traduzido por Júlia Bárány

(https://lovefraud.com/the-sociopathic-mo-in-three-easy-steps/)

 

Tenho um amigo que perdeu a esposa falecida de câncer. Um ano depois ele começou a procurar companhia. Meu amigo conhecia minha história de envolvimento com um psicopata, de fato, ele chegou a conhecer o meu ex, James Montgomery. Então, ao passar por uma bizarra experiência com uma mulher com quem se relacionou durante algumas semanas, meu amigo tinha perguntas a me fazer.

A mulher dizia estar separada do marido, embora eu não acredite nisso. Ela ficou dando em cima do meu amigo incessantemente, até que eles tiveram um encontro sexual. Num determinado momento ela comentou algo como “um leão precisa de carne fresca”. Depois disso, eles passaram um dia inteiro juntos, e logo ela o descartou sem a menor cerimônia.

Meu amigo me perguntou, essa mulher é um crocodilo como o meu ex?

Ele me contou mais, e deu para perceber que a mulher tinha traços psicopáticos, mas talvez não todos eles. Então discutimos este tipo de personalidade. Uma das conversas foi assim:

Meu amigo: “O que os psicopatas fazem primeiro quando conhecem você?”

Eu: “Avaliam você para verificar se você tem algo que eles querem.”

Meu amigo: “O que os psicopatas fazem em segundo lugar?”

Eu: “Buscam suas vulnerabilidades.”

Meu amigo: “E depois?”

Eu: “Depois eles calculam como usar suas vulnerabilidades para manipular você.”

 

O modo de agir do Psicopata

 

Esta conversa curta identificou o modo de agir do psicopata, ou modus operandi. Ei-lo aqui:

  • Você tem algo que ele ou ela quer?
  • Quais são suas vulnerabilidades?
  • Como ele ou ela pode manipular suas vulnerabilidades para conseguir o que quer?

 

Oportunidades de alimento

 

Eis outra verdade brutal: os psicopatas consideram todas as interações sociais como oportunidades de se alimentar.

Então o que é que eles querem de seus alvos? Em muitos casos, a resposta é óbvia: sexo, dinheiro, um lugar para morar, alguém para sustentá-los.

Mas temos que lembrar também que às vezes os psicopatas só querem divertimento. Eles querem a diversão de manipular alguém a fazer o que eles querem. Eles ficam excitados em controlar seus alvos. Esses trapaceiros alimentam seus desejos primários sobre os quais escrevi antes: os desejos de poder e de controle.

Meu amigo mal conseguia acreditar no encontro com o predador feminino. Assim como para todos nós, para ele estava sendo muito difícil compreender como essas pessoas de fato não têm coração.


EU NÃO CAIO NESSA, AH, EU NÃO!

O JORNAL WALL STREET explica que qualquer um pode ser enganado

Leitores sofisticados do Jornal de Wall Street, cuidado: Vocês podem ser enganados, assim como qualquer um de nós.

O seguinte artigo de Susan Pinker apareceu na edição do último fim de semana:

Você não pode ser enganado, não é? Não conte com isso.

Eis o resumo dos pontos principais do artigo:

– 35 milhões de americanos caem na armadilha todos os anos, de acordo com a Comissão Federal do Comércio.

– uma das razões de cairmos no engodo é porque somos programados biologicamente a confiar e cooperar.

– a pesquisa aponta que conseguimos detectar uma mentira somente cerca de 50 por cento das vezes.

– o inconsciente consegue detectar mentiras talvez melhor do que o foco racional.

Portanto, se você foi enganado ou ludibriado – e se você se envolveu com um psicopata, provavelmente sim – não significa que você é um tolo. Significa que você é humano.

Oh, sim – e um trapaceiro dificilmente se parece com o sujeito da foto.

 

(tradução livre por Julia Barany de: http://www.lovefraud.com/2017/04/05/wall-street-journal-explains-that-anyone-can-be-conned/)


A VIOLÊNCIA INVISÍVEL 4

É invisível não porque as pessoas não têm olhos, mas porque não conseguem ver, ou não querem ver.

Muitas vezes não existe foto do abuso, corpo de delito, provas, pois como se pode fotografar abuso psicológico?

Os sinais estão todos aí, explícitos, as crianças estão sofrendo, a vítima está sofrendo, mas como o agressor se apresenta como um homem de bem, com charme e amabilidade, com desenvoltura, com ar tranquilo, ninguém consegue ver a violência e a crueldade que ele pratica na intimidade.

Então as vítimas são retraumatizadas pelo nosso sistema judiciário cego, pelos profissionais de saúde ignorantes dessa realidade, pela família e pelos amigos que acabam culpando a própria vítima de ter caído na armadilha, numa atitude típica de quem não quer olhar para si mesmo, preferindo mandar o bode expiatório para o deserto pagar pelos pecados de todos.

É uma realidade tão absurda que de fato é extremamente difícil conceber e muito mais de aceitar. Parece fantasia alucinatória inventada pela vítima. Assim é porque o manipulador convence a todos, com sua lábia e sua tranquilidade de que o culpado é o outro, ou seja, a vítima. Assim é também porque a vítima de fato parece ter perdido a razão. Mas ninguém vê PORQUE ELA PARECE LOUCA!

A vítima tem todos os sinais de trauma, chora, se desespera, tenta contar aos outros o que de fato aconteceu e ninguém acredita, está com a saúde abalada, sem dinheiro e sem capacidade de se reerguer. A vítima sofreu abuso psicológico, emocional, relacional, profissional, econômico e foi afastada de todo o sistema de apoio que poderia ter.

Enquanto em público, o abusador faz papel de marido exemplar, de pai amoroso, querendo transmitir a imagem de família perfeita. Na intimidade, alterna as máscaras: uma hora é médico, outra, monstro. E a vítima nunca sabe quem vai aparecer dessa vez, ficando em estado de alerta constante, adrenalina circulando doidamente pelo corpo, tirando o sono, a capacidade de funcionar e de pensar direito. A vítima é submetida a tortura psicológica que a leva a duvidar de si mesma, de sua própria sanidade, e ela acaba dando razão em tudo ao abusador. Na tentativa de minimizar o inferno no qual se transformou sua vida, acaba dando tudo para o abusador: seu tempo, sua atenção constante, seus bens, o controle sobre sua própria vida. A vítima passa a orbitar ao redor do abusador, sua vida não tem mais outro sentido a não ser esse.

A vítima entra num estado de zumbi. Ela nem se reconhece mais, muito menos os outros a reconhecem. Está gasta, feia, louca. Uma megera. Pensa em acabar com a própria vida, pois qualquer alternativa parece melhor do que o inferno que está vivendo. É um perfeito motivo para o abusador olhar comiserado para sua ex, ou quase ex, e justificar o seu afastamento e sua busca de consolo e afeto nos braços de outra (substituta que ele já estava sondando antes desta fase de destruição da vítima atual, pois ele jamais fica sem alguém para vampirizar).

Esse distúrbio de personalidade tem sido estudado e diagnosticado há vários anos, entre os estudiosos mais profundos Robert Hare, que publicou o livro: Sem consciência, o mundo perturbador dos psicopatas que vivem entre nós, e Serpentes de terno.

Há muito mais psicopatas no meio de nós do que nas prisões. Uma pequena parte chega a cometer crimes hediondos com as próprias mãos. Os outros estão nas famílias, nas empresas, nas instituições, nas profissões, camuflados sempre para poderem agir de acordo com sua natureza de vampiro e de torturador que tem prazer em torturar. A manifestação depende do grau de sutileza que o psicopata atinge, de acordo com sua cultura, sua educação e seu ambiente.

Existe um diagnóstico infalível que é dado por meio do Petscan, que é a imagem do cérebro em funcionamento. No psicopata, a região orbito-frontal, logo atrás dos olhos, se apresenta azul, o que significa falta de atividade. Em pessoas normais, essa região se apresenta de amarelada a vermelha. Ela é responsável por processar sentimentos nobres humanos como solidariedade, respeito, responsabilidade, compaixão, empatia, afeto, amor.

Então, como é que essa criatura que se apresenta em público como amorosa, preocupada com os filhos, a “esposa”, passa indetectada perante os olhos dos outros?

ESSA CRIATURA FINGE.

O psicopata tece uma trama extensa e bem articulada de mentiras. Convence a todos da veracidade desses fatos que fazem parte, portanto, de uma obra de ficção que ele vai construindo ao longo de sua vida.

E você que acreditou nele, caiu na trama, fazendo-o se regozijar ocultamente com o sucesso de sua manipulação.

A violência é invisível. Nem você percebe que foi violentado no seu senso de verdade e de justiça.