Arquivo anual: 2019


PESSOAS TÓXICAS JAMAIS ADMITEM QUE ESTÃO ERRADAS

Holly Riordan

Tradução de Júlia Bárány do original: https://thoughtcatalog.com/holly-riordan/2019/12/toxic-humans-will-never-admit-theyre-wrong/?fbclid=IwAR10lbBjzCEZY4gRugWm4ERqqS8n6XJ5bDtam5NXrtkILsoUYoGhmL5aQ64


Você pode receber um pedido de desculpas de alguém tóxico, mas não será genuíno. Essas pessoas só se desculparão ser for para manipular você a lhes dar o que querem, enganar você a acreditar que merecem perdão. Caso contrário, elas nunca vão admitir que fizeram algo errado. Essas pessoas nunca vão pedir desculpas e deixar por isso mesmo. Sempre haverá algo mais na frase. Virá uma sequência de justificativas para lhe mostrar que você realmente não pode culpá-lo/as, porque a culpa é da ex ou dos pais ou sua.

Essas pessoas sempre tentam atribuir a culpa a outra pessoa porque não têm maturidade suficiente para assumir a responsabilidade por suas próprias ações. Acham que jamais estão erradas. Acham que foram forçadas a arruinar algo por causa de circunstâncias passadas ou atuais, quando, na verdade, dominam totalmente suas próprias decisões. Elas escolhem o caminho a seguir e, se escolherem errado, devem assumir as consequências.

Obviamente, essas pessoas nunca lhe darão as desculpas que você merece. Se se desculparem por trair você, fornecerão detalhes sobre como isso nunca teria acontecido se a outra pessoa não tivesse se jogado em cima delas ou se você estivesse mais disponível sexualmente ou ainda se elas não tivessem tomado aquela cerveja extra no bar.

E se você tiver coragem de enfrentá-las, de expor a falsidade das justificativas, essas pessoas vão virar a situação do avesso. Listarão todas as coisas legais que fizeram por você e o/a chamarão de ingrato/a. Mencionam como você também não é perfeito/a, mas nunca usaram isso contra você. Elas tentarão culpar você, mesmo que tenham sido elas que estragaram tudo.


Pessoas tóxicas nunca vão admitir que estão erradas. Elas nunca vão refletir sobre suas escolhas e chegar à conclusão de que precisam mudar. Não importa o que você faça, ou o quanto você as ame, você nunca vai ganhar uma discussão com elas. Essas pessoas se esforçam ao máximo para provar que são inocentes. Elas vão criar mentiras. Elas vão espalhar boatos. Elas distorcerão a verdade para se encaixar em sua própria narrativa.

Você pode gritar com elas, pode acusa-las ou pode lhes apresentar fatos com calma – nada disso fará diferença. Essas pessoas têm um talento para mudar a realidade. Elas criam sua própria verdade. E elas tentam convencer o maior número possível de pessoas dessa ‘verdade’, então, no final, você é quem parece louco/a. Você é quem parece errado/a.

Quando você se depara com alguém tóxico, a melhor coisa a fazer é se afastar, porque você nunca vai conseguir nada razoável com essas pessoas. Você nunca conseguirá fazê-las ver a situação do seu ponto de vista. Você nunca as fará admitir que foram longe demais. Pessoas tóxicas não pensam logicamente. ELAS SÓ PENSAM EM SI MESMAS.


Culpa e AutoPerdão

de http://aluznamente.com.br/o-autoperdao-para-libertar-se-da-culpa/

A autoconsciência e o autoperdão são duas virtudes fundamentais para a diluição da culpa. Porém, é necessário o treino do autoacolhimento amoroso que precisa ser irrigado pelos cinco sentimentos básicos, a saber: autoestima, autoaceitação, autoconfiança, autovalorização e autorrespeito. Esse exercício viabiliza a nossa autorrenovação por amor e pelo amor. Mas a manutenção do estado culposo impossibilita tudo isso.

Somente o autoperdão nos libera para a reabilitação diante da consciência, se assumirmos a responsabilidade do erro e nos esforçarmos reflexivamente para repará-lo.

A vida são as oportunidades bem aplicadas no presente, no aqui e agora, nunca os fracassos do passado. Todavia, existem os que vivem interligados aos insucessos do ontem, agindo qual aqueles que querem dirigir o automóvel apenas olhando para o retrovisor; com certeza vão causar acidentes. Não se pode permanecer preso às negatividades do passado, é importante ficar atento às oportunidades de cada momento do presente (que é um empréstimo divino que se renova a cada instante).

Esquecer os malogros do passado não significa “não lembrar”, contudo é resignificá-los. Deste modo, embora possa parecer que esquecemos, em verdade, deixamos a recordação num plano não acessível de modo consciente. Ou seja, não ficarmos remoendo o que já passou, porém o que se culpa fica incessantemente remoendo o erro cometido.

Quando nos libertamos do detrito mental, amontoado pelo estigma culposo, principiamos o soerguimento espiritual, e toda uma atividade nova se nos apresenta favorável, abrindo-nos espaços para saúde integral. O lixo mental que herdamos é acumulado pela nossa ausência de conhecimento nos três níveis de ignorância: do não saber, do não sentir e do não vivenciar a verdade. São tais ignorâncias que produzem os entulhos mentais, os insucessos e a fragilidade do Espírito de não se esforçar para superar a própria ignorância.

Considerando nossa fragilidade, precisamos nos conceder a oportunidade de reparar os males praticados, nos habilitando sempre perante a consciência através do autoperdão mormente diante daqueles a quem prejudicamos. Isso não significa anulação da falta que cometemos, porém a concessão da oportunidade de reparação dos desacertos. Portanto, o autoperdão não se funda numa falsa tolerância desculpista dos próprios erros. Isso seria desmazelo moral, cumplicidade e ingenuidade. Antes, o autoperdoar-se  representa a possibilidade de crescimento mental e moral, propiciando direcionamento correto das novas escolhas para o bem-estar pessoal e coletivo.

É impossível alguém melhorar o comportamento da noite para o dia. É indispensável o esforço de enriquecimento moral ininterrupto. O autoperdão é um processo de autorresponsabilidade, fruto do amadurecimento do senso intelecto moral. Com a disposição contínua de reparação dos erros, ampliamos as virtudes através dos graduais esforços no exercício do bem, admitindo que nesse procedimento não nos tornaremos “puros” num piscar de olhos, porquanto ainda erraremos muitas vezes; porém nunca nas mesmas proporções anteriores, porque aprenderemos e cresceremos com os nossos erros.

Quando nos perdoamos, aprendemos a pedir perdão ao outro. A coragem de solicitar perdão e a capacidade de perdoar são dois mecanismos terapêutico-libertadores da culpa. Até porque a saúde mental e comportamental impõe a liberação da culpa, utilizando-nos do valioso contributo do discernimento capaz de avaliar a qualidade das ações e permitir as reparações dos erros e o estado de gratidão quando acertadas.

O equilíbrio entre consciência e comportamento tem um preço: a persistência no dever moral, como aguilhão da consciência e guardião da probidade interior. Em face disso, para nos livrarmos da culpa é muito importante o esforço continuado, paciência e perseverança no dever consciencial. Não nos consintamos abater o ânimo, reabasteçamo-nos nas conexões e diálogos íntimos com Deus através dos sentimentos e pensamentos edificantes que podemos aperfeiçoar em qualquer circunstância.

Façamos os esforços necessários para expandir os pensamentos elevados que devemos cultivar em qualquer situação. Seremos sempre responsáveis pelos efeitos dos nossos atos. Colheremos conforme semeamos. Assumamos, portanto, o nosso compromisso consciencial através do convite amoroso de Jesus. Dessa forma permaneceremos saudáveis intimamente, prosseguindo íntegros nos deveres assumidos, sempre sob a responsabilidade da ação transformadora, sem jamais transferir para terceiros os nossos próprios insucessos.

Jorge Hessen

[email protected]

Brasília-DF


CURANDO SUA SEXUALIDADE APÓS UM RELACIONAMENTO ABUSIVO

Por Sandra L. Brown, M.A., (tradução livre por Júlia Bárány)

A questão da cura de relacionamentos amorosos patológicos requer que enfrentemos o dano causado e reconhecer os distúrbios de estresse, ou TEPT (transtorno de estresse pós-traumático) que você esteja sofrendo por causa do relacionamento. É preciso mudar sua vida para poder se curar, mudar seu ambiente físico, e aprender a desenvolver um estilo de vida que ajuda você a se curar emocionalmente, psicologicamente, espiritualmente e sexualmente. Nesse artigo vamos falar sobre o efeito sexual dos relacionamentos patológicos e perigosos.

Ironicamente, os efeitos sexuais dos relacionamentos patológicos podem ser também efeitos espirituais. Isso é assim porque muitos efeitos espirituais têm a ver com ligação e vínculo em vários níveis – incluindo o nível espiritual. Num sentido espiritual, nossa constituição é nos vincularmos durante experiências sexuais – especialmente as mulheres.

Estudos recentes sobre hormônios e sexo indicam que os orgasmos sexuais liberam as mesmas substâncias químicas que são liberadas durante a construção de vínculos com o seu bebê!

Este aspecto fenomenológico nos mostra PORQUE é tão difícil sair de um relacionamento, mesmo que seja perigoso. Muitos homens perigosos são hipersexuais e praticam muito sexo. Um monte de sexo é igual a um monte de oportunidades para vínculos sexuais por meio do orgasmo e estímulo hormonal. Faz parte da natureza da mulher manter vínculos, não abandonar nem pessoas nem outros seres vivos. Quanto mais vinculada você se sentir a ele, menos capacidade você tem de deixá-lo. Quanto mais sexualmente vinculada você estiver, (o que provoca a mesma sensação de vínculo espiritual – “ele é minha alma gêmea”) tanto mais difícil e confuso é se desvincular.

Além disso, muitos homens patológicos que são hipersexuais trazem para o relacionamento muitos desvios sexuais. Pela primeira vez na sua vida você pode ter sido exposta a condutas sexuais ou aspectos sexuais que você jamais experimentou antes. Como o abusador é muito bom em manipular, culpar e recompensar sua “lealdade”, ele pode ter coagido você a condutas sexuais que violaram seu senso moral ou seus limites sexuais normais. Talvez ele tenha inserido pornografia no relacionamento, atos sexuais que perturbaram você, experiências sexuais grupais, relacionamentos de estupro, ou outras violações sexuais. Além disso, a maioria dos homens patológicos, na sua hipersexualidade, NÃO é monógama, então você pode ter contraído alguma doença venérea dele.

Essas feridas profundas da alma causam dano não só às suas emoções. Essas feridas danificam sua espiritualidade e se infiltram na sua identidade sexual. Uma mulher se sente tão pervertida no que experienciou que ela pode achar que deve ficar com ele porque nenhum homem “normal” ou “saudável” vai querer ficar com ela depois do que ela fez no relacionamento sexual com o abusador.

Você pode estar se sentindo viciada nele, no sexo com ele, ou no sexo com qualquer um. O que você viveu É de fato abuso sexual no relacionamento. O abusador costuma fazer sua vítima acreditar que ela quis aquele tipo de relação, que ele apenas satisfez o desvio sexual DELA. Lembre-se, eles distorcem e subvertem todos os aspectos da verdade!

Os efeitos colaterais sexuais do relacionamento podem contribuir com o seu transtorno pós traumático geral. É um aspecto que deveria ser tratado para que você possa resgatar sua identidade sexual. Se não for tratado, sua identidade sexual machucada pode fazer com que você continue a agir de forma doentia, a cooperar com os desvios sexuais dele, ou a usar drogas ou álcool para entorpecer seus sentimentos dolorosos.

Isso também pode aumentar seus sintomas de TEPT, sua ansiedade e sua depressão, ou deixar você propensa a ficar em relacionamentos patológicos por causa de se sentir suja ou indigna de relacionamentos saudáveis.

Você também pode ser impactada espiritualmente, afastando você da ajuda e do conforto que sua conexão com Deus poderia lhe dar.

A ÚNICA maneira de viver uma vida suave é curar seu lado sexual e perceber os danos causados à sua sexualidade como parte do quadro geral dos efeitos de um relacionamento perigoso e patológico.

Procure um bom terapeuta para auxiliar você nesse processo de cura. E conecte-se à sua espiritualidade.


DICAS PARA IGNORAR UM NARCISISTA MALIGNO

Por Kim Saeed, (tradução livre de Júlia Bárány), 19/08/2019

Original inglês em: https://blogs.psychcentral.com/liberation/2019/08/6-simple-secrets-to-totally-rock-ignoring-a-narcissist/?utm_source=Psych+Central+Weekly+Newsletter&utm_campaign=13113aadf1-GEN_EMAIL_CAMPAIGN_COPY_01&utm_medium=email&utm_term=0_c648d0eafd-13113aadf1-30806681

Chocada e impressionada, você vê o narcisista jogar insultos e acusações contra você – de novo.

Você precisa contra-atacar e se defender, certo?

Isso é exatamente o que o narcisista quer que você faça, para poder continuar sugando você para dentro do vórtice dele. Então, você decide ignorá-lo por um tempo e responder em monossílabos às mensagens dele. Você acredita que isso vai pará-lo.

Mas não pára. Por quê? Porque os narcisistas malignos não conseguem processar e experienciar as emoções como as pessoas normais vivenciam.

Em longo prazo, tudo isso vai voltar para cima de você. Infelizmente, a maioria das pessoas não sabe como reagir às agressões de forma efetiva.

Mesmo assim, é possível alcançar um total livramento do abuso narcisista.

E com um bom tratamento, você sairá mais forte do que nunca. Acredita?

Mas antes é preciso entender como a mente maligna do narcisista funciona e como as pessoas normalmente não entendem o que se deve fazer.

Ignorar um narcisista

Se você passou um bom tempo pesquisando como lidar com um narcisista, provavelmente encontrou soluções, entre elas, o tratamento de gelo.

A dica é você simplesmente se tornar chata, insensível, desinteressante para o narcisista. Se o narcisista não conseguir o suprimento de energia emocional de você, com sua atenção, ele acabará entediado e vai procurar outra fonte de alimento.

O objetivo do tratamento de gelo é continuar a comunicação com o narcisista sem cair na armadilha do interminável ciclo de luta e abuso: o vórtice narcisista.

Na teoria, isso deveria funcionar.

Mas na prática, não é tão simples.

“Ele quer sua atenção, então pare de lhe dar atenção” é igual a “Você tem um problema com o álcool, então pare de beber”, ou “ele é violento com você, então vá embora”. Essa estratégia não funciona para relacionamentos abusivos. Pois os relacionamentos abusivos têm ganchos e armadilhas sutis, invisíveis, fabricadas pelos abusadores, que aprisionam a vítima, que tiram a sua capacidade de agir.

Será possível a vítima ficar totalmente impassível sendo insultada e violentada? Em ser acusada exatamente daquilo que o abusador faz com ela? De ver as mentiras escabrosas, os ataques à sua integridade moral, os roubos de seu dinheiro, seus recursos, sua energia? E por cima de tudo, o abusador se fazer de vítima e angariar “solidariedade” das pessoas contra essa horrível pessoa em que ele transformou sua vítima? Em sã consciência, isso é possível?

Além disso, há situações em que você não pode simplesmente se retirar da presença do narcisista maligno por causa de ligações familiares ou profissionais.

Ignorar o narcisista tampouco é uma boa estratégia de vingança.

O narcisista maligno passou meses, anos, ou até décadas machucando você toda vez que teve oportunidade para tanto. Ele manipulou suas emoções, fazendo você acreditar que ELEé a vítima e VOCÊ a agressora, mesmo em situações em que obviamente ele foi o agressor.

Quando você consegue um instante de clareza e começa a identificar os padrões de manipulação, é muito natural que a sua raiva e sua dor provoquem um desejo de vingança.

Você sofreu terríveis sentimentos de desvalorização, culpa e vergonha – tudo pelo crime de querer ser amada e respeitada como qualquer ser humano merece ser.

Quem não iria querer revidar?

É importante lembrar que essa abordagem não funciona na vida real como parece funcionar na sua imaginação, porque isso implica em evocar as emoções do narcisista, achando que ele vai sentir o que você sentiu.

Nada mais longe da verdade! O narcisista usa as emoções como ferramentas para manipular os outros, ele reage para evocar suas reações.

Não se engane: as emoções dele NUNCA são genuínas e ele usa as suas emoções contra você.

É por isso que simplesmente ignorar o narcisista maligno não funciona.

Todo aquele que já passou por reabilitação do alcoolismo sabe que não se pode parar de beber e ao mesmo tempo manter uma garrafa de vinho no armário.

Um bom e eficiente programa de reabilitação é necessário tanto para o alcoólatra quanto para a vítima de abuso narcisista.

Antes de continuarmos, você precisa desistir de uma vez por todas de sua necessidade de vingança, ou mesmo de solução do processo de abuso que você sofreu nas mãos do narcisista.

A sua vingança efetiva será você construir uma vida plena e feliz, livre do abuso narcisista.

É isso.

E isso será muito melhor que qualquer vingança ou falso senso de solução.

Páre de fornecer ao narcisista o alimento de suas emoções. Ignorar o narcisista apenas o incentiva a continuar rodeando e sugando você. Ele sabe que você quer respeito, dignidade e amor, então ele finge isso para enganar você mais uma vez a achar que ele mudou.

Mas essas condutas têm uma única razão: sugar você de volta como um aspirador de pó. A compaixão que ele mostra é totalmente teatral, nada é real.

Os narcisistas têm sim, empatia, mas não é a empatia das pessoas normais. Eles têm o que chamamos de empatia cognitiva, ou seja, eles entram dentro da mente das pessoas e manipulam suas emoções para proveito próprio. Alguns até mantém uma conduta positiva durante algum tempo, mas só para voltar ao abuso logo mais. Portanto, não se engane. O narcisista não mudou.

Será que você entendeu que mesmo essa tática de você tentar ignorá-lo ele a usa contra você e a favor dele?

Dicas para você se desvencilhar de fato do narcisista perverso:

SEM CONTATO – essa é a única solução permanente. Termine qualquer comunicação com o abusador. Evite locais onde ele possa estar. Evite qualquer possibilidade de encontrá-lo seja pessoalmente seja nas mídias sociais. É o mesmo que estar na proximidade de um animal peçonhento ou uma fábrica que emite vapores tóxicos. Estando perto, você é intoxicada, não há escapatória.

RECONHEÇA O SEU APEGO AO RELACIONAMENTO – você precisa admitir que você tem algum ganho secundário. Senão, por que você ainda continuaria com ele? Você tende a ansiar pelo mínimo de atenção que ele possa lhe dar, assim como um alcoólatra anseia por um gole, mesmo que isso vá destruí-lo. Atenção negativa parece melhor que nada, para você. Ou então você ainda tem ilusões a respeito dele, na cegueira que ele provocou em você.

NÃO SE CULPE – o narcisista não sente emoções e jamais sente culpa. Ele joga insultos e acusações para cima de você, e com isso estabelece um contato, ainda que extremamente negativo. Não ouça os insultos. Não dê satisfação. É tudo que ele espera para sugar você de volta.

ADMITA QUE VOCÊ PRECISA DE AJUDA – assim como na recuperação de drogadicção ou de alcoolismo, você precisa de ajuda, para não ter recaídas. Você corre o risco de ceder à tentação de responder a um insulto, ou aceitar um elogio e pronto, você está de novo no ciclo de abuso. Encontre uma terapia adequada e se cerque de pessoas solidárias, empáticas e prestativas.

IDENTIFIQUE SUAS LIMITAÇÕES – caso o narcisista seja um parceiro de trabalho ou o pai de seus filhos, talvez você não consiga tirá-lo de sua vida totalmente. Essas são as situações em que o tratamento de gelo é o que resta. Fale o mínimo necessário e esteja na presença do abusador o estritamente indispensável. Mesmo assim, você ainda precisa de uma estratégia para evitar que o narcisista a sugue e que você tenha uma recaída.

INSTALE OUTRAS FERRAMENTAS – pense em usar apps que monitoram a comunicação tendo um intermediário entre você e o abusador. Assim vocês terão uma interação a menor possível e será robótica, não direta. Se esse recurso não funciona para você, considere pedir a um amigo confiável (ou um profissional) que sirva de intermediário.

PROCURE UMA TERAPIA ESPECIALIZADA EM ABUSO NARCISISTA

Um narcisista maligno jamais reconhecerá que está errado, então esperar isso é totalmente inútil.

Você não pode controlar o comportamento dele, somente o seu.

Ignorar um narcisista que ignora você não funciona porque é fácil demais um narcisista brincar com sua compaixão e se aproveitar do seu desejo de ser respeitada e amada.

Para empreender um processo seguro e firme de alcançar o SEM CONTATO e se libertar do abuso para sempre você precisa de orientação e ajuda.

Você merece isso e sairá desse abismo mais forte e feliz.

CASOS EM QUE NEM ISSO FUNCIONA (acréscimo de Júlia Bárány)

Há numerosos casos em que o narcisista maligno, ou psicopata, continua torturando sua vítima mesmo quando ela está no processo de reconstrução de sua vida e já há muito se safou desse relacionamento.

É preciso entender que o sucesso da vítima é uma afronta ao poder destrutivo do abusador. Como é que essa vítima ousa superar, crescer e ser feliz? Essa imagem de empoderamento da vítima é vista pelo abusador como ameaça à imagem de vítima que ele espalhou de si mesmo entre as pessoas. Saiba que ele vai fazer absolutamente de tudo para destruir você, com astúcia, mentiras, maquinações, testemunhos falsos, entortamento de fatos, ligações escusas, seduções, discursos, e outras tantas táticas próprias de seres sem responsabilidade, respeito, empatia, compaixão, solidariedade e principalmente integridade moral.

Qual é a saída? Não desista. Continue no seu caminho de integridade, ligue-se a forças espirituais, pois contra essas pessoas dedicadas às trevas um ser humano sozinho não consegue se defender.

A verdade e a luz, no final, sempre vencem.


VICIADO EM NARCISISTA

Por Sheri Heller, tradução de Júlia Bárány, original publicado por Tracy Malone em https://narcissistabusesupport.com/addicted-to-a-narcissist-

Frequentemente encontro pessoas que estão emocional e psicologicamente devastadas pela ruína de um envolvimento romântico com um narcisista maligno. Essas mulheres e esses homens são inteligentes, atraentes e empáticos. No entanto, não conseguem se desvencilhar da insidiosa dinâmica de abuso e violência. Eles estão viciados.

O trabalho de B. F. Skinner com condicionamento funcional nos mostra que o que aprendemos é impactado pelo reforço e pela consequência do castigo/desprazer. Um padrão de intermitente reforço estabelece imprevisibilidade e confusão. O abusador narcisista capitaliza sobre esse fenômeno. A mente da vítima se agita para descobrir o que deve fazer para conseguir reação positiva do abusador narcisista. Eventualmente a dissonância cognitiva se estabelece e a urgência desesperada de discernir uma razão se torna a força motriz.

Nesse ponto, a vítima já está capturada num ciclo viciado e ao mesmo tempo vê o torturador como salvador.

O abusador é deificado pela vítima. A vítima evidencia sinais da Síndrome de Estocolmo, uma forma de vínculo traumático no qual as vítimas se apegam patologicamente ao seu perpetrador.

Este apego patológico é uma estratégia de sobrevivência, que capacita a vítima a se dissociar da dor. Ao negar o horror dessa realidade traumática e adotar a perspectiva do abusador, a vítima afasta a ameaça de desamparo e o terror que de fato vivencia.

O locus de controle da vítima fica centrado em apaziguar e agradar o abusador, mitigando assim o perigo. Com o tempo, a vítima se torna exageradamente identificada com o abusador, ignorando suas próprias necessidades e assumindo a responsabilidade pelo “sofrimento” do abusador. A vítima começa a acreditar que o abuso é culpa sua.

Quando a vítima finalmente chega no fundo e é ou destruída ou descartada pelo narcisista, ou se confronta com as muitas infidelidades, surras, ruína financeira, ou outras formas intensas de abuso, ela/ele pode estar pronto/a para procurar ajuda profissional.

A fim de iniciar um processo de recuperação, é aconselhável a regra do Não Contato, para romper o vínculo tóxico.

A vítima terá o desafio de lidar com sintomas de abstinência, caracterizado pela obsessão compulsiva e transbordamento emocional. Recursos tais como trabalho corporal, meditação e medicação podem ser necessários para estabilizar o sistema límbico desarranjado da vítima.

Conhecimento é poder. Aprender sobre dependência do narcisista e identificar traumas arraigados na sua família de origem que tornam a pessoa vulnerável a ser alvo de vitimização são aspectos críticos da cura. Uma continuidade no tratamento pode penetrar nas profundezas complexas de resgate e reconstrução.

Finalmente, a vida depois do abuso narcisista toma um novo significado para o sobrevivente. Metabolizar a realidade do mal altera a visão de mundo da pessoa. Esta alteração permite ao sobrevivente cultivar limites realistas. Ela incentiva o sobrevivente a se comprometer tenazmente com sua segurança, previsibilidade, e relacionamentos que honram a dignidade pessoal.


REGALIAS DE SER UM PSICOPATA

Por Dr. John Glynn, tradução de Júlia Bárány

(original de 07/07/2019 em: https://psychcentral.com/blog/the-perks-of-being-a-psychopath)

“Sempre trate a todos com respeito. Você nunca sabe quem é um psicopata oculto.” Alex Wayne, Diagnosis

Como é que se identifica um psicopata? Não é nada fácil, mas os pesquisadores já fizeram muitos progressos nas respostas a essa pergunta.

É de conhecimento comum que os homens, mais do que as mulheres, tendem a possuir traços psicopáticos. Por exemplo, um estudo com população carcerária constatou que 31% dos homens atendiam aos critérios, em comparação com apenas 11% das mulheres.

A psicopatia possui várias dimensões dominantes, incluindo Impulsividade Autocentrada, Crueldade e Dominação Destemida. A primeira dimensão, Impulsividade Autocentrada, se associa com impetuosidade, beligerância e narcisismo.

Crueldade se relaciona com incapacidade de experimentar importantes emoções sociais como amor ou remorso.

Os psicopatas, a quem claramente falta empatia, estão em desvantagem – ou assim é que se pensa. No entanto, a empatia requer a consideração dos sentimentos dos outros, colocar-se no lugar dos outros. Colocar-se exige energia. Acontece que os psicopatas não reconhecem nenhum “colocar-se”, a menos que isso envolva passar por cima dos outros para conseguir o que eles querem.

A empatia é construída sobre uma base de emoções. Embora vitais para a conexão e o significado nos relacionamentos, as emoções costumam enublar o julgamento. Quando extremadas, as emoções podem de fato impedir a capacidade do pensar crítico. Lembrem-se, estamos em 2019, o ano em que as massas estão supersensíveis, com as emoções constantemente enublando o pensamento racional.

O psicopata, livre de seus grilhões emocionais, está bem equipado para agir de forma irrestrita e impiedosa. Má notícia para a sociedade… mas não para o psicopata, especialmente aquele que se consome com pensamentos de poder e prestígio.

Dominação Destemida, a terceira dimensão da psicopatia, está associada à insolência e ao desejo por influência social. Contrário à crença popular, a Dominação Destemida é acompanhada por vários comportamentos socialmente adaptativos. Equipados com um senso de elegância e poder interpessoal, temeridade física e resiliência emocional, alguns psicopatas alcançam grandes feitos. Alguns até se tornam heróis.

Um artigo de 2015, intitulado “Psicopatia bem-sucedida”, apresenta aos leitores um homem chamado Forest “Tommy” Yeo-Thomas, um demônio atrevido da vida real. Usando diversos disfarces e documentos falsos, o espião britânico da Segunda Grande Guerra regularmente escapava de ser capturado pelos nazistas. Segundo os autores, Yeo-Thomas numa ocasião fingiu ser um cadáver viajando num caixão.

Conhecido por seus inimigos como o “Coelho Branco”, Yeo-Thomas certa vez pulou de um trem em movimento. Num gesto diretamente saído de um filme de Liam Neeson, o nosso herói (anti-herói?) certa vez estrangulou um guarda carcerário com suas mãos. Quando Yeo-Thomas não estava ocupado estrangulando nazistas, ele estava ocupado seduzindo belas mulheres.

A maioria das pessoas, presumo, não conhecem a vida e a época de Yeo-Thomas. No entanto, a maioria conhece James Bond, sua encarnação ficcional. Sim, Yeo-Thomas inspirou o herói ostentoso, maníaco sexual, bebedor de Martini do romancista Ian Fleming. O espião WW2 é típico do que na profissão chamamos de “psicopata bem-sucedido”. Diferente da psicopatia maligna, que costuma envolver atos criminais e prisão, o “psicopata bem-sucedido” abraça as trevas para alcançar sucesso de vida real.

Será que os “psicopatas bem-sucedidos” evitam transgredir a lei porque é “certo”? Não, eles evitam transgredir a lei porque isso faz sentido. Ao manter seus impulsos na rédea curta, ou pelo menos canalizando-os numa direção mais lucrativa, os “psicopatas bem-sucedidos” costumam chegar a ocupar cargos de real importância.

Então, que tipo de profissões atrai psicopatas? A pesquisa já mostrou que psicopatas são mais prevalentes em determinadas ocupações. Não é nada surpreendente que eles tendam a gravitar para posições de poder – pense em CEOs, cirurgiões, advogados, celebridades e políticos.

O vínculo entre política e psicopatia é especialmente interessante. Em 2004, cientistas pediram a 121 biógrafos presidenciais que avaliassem 42 presidentes dos Estados Unidos, até inclusive George W. Bush, quanto aos seus traços pré-eleição de Dominação Destemida, uma das três dimensões de psicopatia. As descobertas são de leitura interessante. De acordo com o relatório, Dominação Destemida estava fortemente correlacionada com o desempenho presidencial em geral, sua orientação, percepção do público, persuasão, e, bem previsivelmente, disposição para arriscar.

OK, sabemos muito sobre quem pode ser um psicopata, mas e quanto ao onde? Existem determinados lugares nos Estados Unidos onde os psicopatas tem maior probabilidade de aparecer e poluir o ambiente social?

Felizmente para nós, um estudo recente publicado no diário científico Helyon nos fornece uma resposta inequívoca. Segundo os autores, que estimaram a prevalência de psicopatia baseado nos Cinco Maiores traços de personalidade de ordem superior (Abertura para a experiência, Conscienciosidade, Agradabilidade, Extroversão e Neuroticismo ou instabilidade emocional), Washington D. C. tem a maior prevalência de psicopatas. Mestres vigaristas, exímios manipuladores malignos (Svengali), faz sentido que psicopatas se arrebanhem numa região dos Estados Unidos sinônima de poder e influência política.

Como o inimitável Jon Ronson escreveu certa vez: “Psicopatas fazem o mundo girar… a sociedade é uma expressão desse tipo específico de loucura… Eu sempre acreditei que a sociedade fosse uma coisa fundamentalmente racional, mas e se não for? E se for edificada sobre insanidade?”

O antigo ditado reza que nunca estamos a mais de dois metros de distância de um rato. Talvez a mesma coisa possa ser dita de psicopatas.