COMO OS PSICOPATAS USAM O AMOR


ALICIAR, CORROER, CONTROLAR – É ASSIM QUE OS PSICOPATAS USAM O “AMOR”.

Por Donna Andersen, traduzido livremente por Júlia Bárány de:

http://www.lovefraud.com/2016/08/11/entice-erode-control-just-some-ways-sociopaths-use-love/

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Sobre Economia e Sapos em Água Quente

 

Você não precisa ter estudado Economia para saber que a escassez aumenta o preço. Um gole de água para alguém ressecado no deserto é imensamente mais valioso do que o mesmo gole de água no final de uma refeição num restaurante com toalhas brancas onde um garçom atencioso enche o seu copo constantemente. Será que com amor é diferente? Um único gesto de bondade ou expressão de amor num fluxo de afeição pode passar despercebido. O valor desse mesmo gesto num ambiente privado de amor, porém, é incomensurável.

Como os seres humanos valorizam o amor, muitos que querem controlar os outros usam o amor ou a promessa de amor para controlar e enfraquecer emocionalmente os outros. Tomando um capítulo do “Livro de Jogos do Psicopata”, Paulo começou por me fazer amá-lo e confiar nele. Em seguida, ele explorou minha confiança enquanto modificava meu mundo de abundância de amor e positividade para carência de amor e negatividade. Com isso ele conseguiu poder sobre mim, porque ele passou a ser a fonte primária de algo que eu valorizava, mas raramente recebia: afeto.

Por que uma mulher confiante, que se respeita, toleraria tal conduta? Num nível básico, não sou diferente de um sapo, e tristemente, nem você é. Fala-se tipicamente em ambientes de negócios que, quando um sapo é colocado em água quente, ele pula imediatamente para se salvar (se ele puder). A aritmética mental do sapo é muito simples: Água quente > Ai! > Pular!> Viver!

Porém, se esse mesmo sapo for colocado numa água confortável e o fogo é aceso e aumentado bem devagar, o sapo vai permanecer da panela até ser fervido e morrer, porque a mudança que ameaça sua vida é gradual demais para que o sapo consiga perceber. Na ausência da percepção de perigo, os instintos de autopreservação do sapo não são ativados e não o mandam pular fora. No cérebro do sapo, a situação provavelmente é algo assim: Água gostosa > Quentinha > Mais quente > um pouco mais quente> Muito quente > Realmente quente > Fervendo> Sapo morto!

A moral da história do sapo é que é difícil sentir mudanças no ambiente quando a mudança é sutil, porém contínua. Logo pequenas mudanças se acumulam, promovendo mudanças significativas e, finalmente, alterações profundas e possivelmente desastrosas no ambiente. Se uma empresa falha em sentir tais mudanças, não consegue tomar as medidas necessárias. Mesmo se o proprietário estiver consciente dos sintomas de saúde precária, tais como diminuição de lucros, ele ou ela podem não entender a causa raiz por trás disso e, portanto, podem não ser capazes de efetuar as necessárias correções de rumo. Finalmente, o negócio morre.

Eu não sou perita em sapos, mas se o sapo tem alguma semelhança comigo, talvez seja devido à natureza gradativa da mudança, pois quando o sapo sente o perigo, já está tão enfraquecido pela água fervendo que não consegue mais pular fora. O sapo pode até querer pular, mas ele está sendo fervido num fogão a gás, e não sabe se consegue pular por cima das chamas e se salvar. De maneira semelhante, o período mais perigoso para uma mulher que tenta fugir de um relacionamento abusivo é quando ela de fato tenta ir embora. Daí, a pergunta: “Por que você simplesmente não foi embora?” é um insulto ignorante. Em ambos os casos, talvez o sapo queira se salvar, mas não consegue. Ele precisa de ajuda para sobreviver. Alguém precisa ou desligar o fogão ou agarrar o sapo e tirá-lo fora da panela. Do contrário, o sapo sabe que está fraco e em perigo, mas precisa se conformar com seu terrível destino. Isso ecoa a sensação de impotência que muitas mulheres emocionalmente e/ou fisicamente abusadas sentem, e é uma dentre as muitas razões porque é tão difícil para elas abandonar relacionamentos abusivos. Eu entendo isso agora, porque, devido ao meu relacionamento com Paulo, sou uma dessas mulheres.

Para piorar ainda mais, é possível fazer o sapo pular de livre e espontânea vontade, feliz, para dentro de uma panela de água gostosa, se essa for camuflada como exatamente o perfeito habitat para o sapo, com tudo que o sapo precisa para sua sobrevivência e bem-estar duradouros (alimento, um companheiro, um teto, uma temperatura agradável, e assim por diante). Será que o sapo poderia não ter escolhido um habitat que lhe parecia tão perfeito? Será que o sapo é fraco e patético por ter ficado enquanto o ambiente mudava, mesmo que não pudesse perceber conscientemente as mudanças até que estivesse fraco demais para ir embora? Será que o sapo realmente escolheu ficar em tal ambiente tóxico se ele não tinha consciência da toxicidade?

Eu coloco essas perguntas porque, conforme você lê minha história, se você me julgar patética ou fraca, você está supondo que o que aconteceu comigo jamais poderia ter acontecido com você ou com alguém que você ama (supondo que você não ache que você ou seus entes queridos sejam fracos ou patéticos). Mas isso seria um erro. Basta você assistir a dez episódios de um seriado criminal. Que porcentagem dos familiares e amigos mais íntimos dos indivíduos que se revelaram não só psicopatas mas assassinos achava que o assassino era nada mais que um maravilhoso pai, filho, irmão ou líder comunitário?

Sim, é um grande drama focalizar em “quem fez isso” e “como eles resolveram o crime”, mas não seria de utilidade pública maior desvelar os sinais de alerta? Como os outros poderiam saber, por exemplo, que o chefe do comitê de entretenimento, pai de dois, e treinador do time infantil acabou se revelando um psicopata que enjoou de sua esposa e a matou simplesmente para evitar consequências financeiras e inconveniências pessoais de um divórcio? Pessoas normais não fazem tais coisas, mas psicopatas sim! Quais eram as bandeiras vermelhas? Como é que as pessoas envolvidas poderiam saber? Que sinais sugerem que poderíamos estar em uma situação semelhante?

“Meu marido é respeitoso e afetuoso. Ele simplesmente não pode ter matado sua terceira esposa”, a quarta esposa diz em rede de TV, apoiando o seu homem mesmo quando a evidência contra seu marido é avassaladora. “O homem que eu conheço simplesmente não é capaz de tal coisa.”

Sim, isso é bom para um drama na TV, mas testemunhar a favor do caráter de alguém pressupõe que o que você sabe sobre uma pessoa em determinadas situações se estende para todas as situações, e isso é um problema. Essa conclusão nem serve quando se trata de não psicopatas, mas é terrível quando se trata de psicopatas. Seria o mesmo concluir que só porque Meryl Streep retratou de maneira convincente uma sobrevivente de campo de concentração da Segunda Grande Guerra emocionalmente atormentada em A Escolha de Sofia ela jamais poderia de maneira convincente fazer o papel da Primeira Ministra Inglesa Margaret Thatcher em A Dama de Ferro. Ela ganhou o Oscar por ambos papeis. Assim como Meryl Streep, os psicopatas são atores muito eficientes, mas o palco deles é o mundo real. Os psicopatas são excepcionalmente bons em mascarar sua verdadeira identidade e fazer qualquer papel necessário para obter o que eles querem, inclusive um casamento duradouro para lhes fornecer uma base familiar calorosa e acolhedora e a ilusão de normalidade.

Histórias de TV sobre psicopatas fazem um drama tão atraente, porque virtualmente ninguém suspeita de antemão o que esses indivíduos realmente são. A apaixonada quarta esposa, por exemplo, ama verdadeiramente seu marido e acredita sinceramente que ele jamais poderia ter matado alguém. Mas se for verdade o que os peritos afirmam que entre um a quatro por cento dos seres humanos são psicopatas, então a nossa única defesa para não cair na armadilha de um psicopata é entendermos a prevalência de psicopatas em nossas vidas cotidianas, estarmos alerta para sinais sutis, e entendermos quais aspectos de nossa humanidade que eles usam contra nós.

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