MÃES NARCISISTAS

 

MÃES NARCISISTAS – A REALIDADE DA VILANIA CLÁSSICA

Por Christine Hammond, tradução livre de Júlia Bárány

 

Você já se perguntou o torna a madrasta de Cinderela, a madrasta de Branca de Neve e a mãe adotiva de Rapunzel tão más? Essas são personagens vilãs clássicas de contos de fada exatamente porque seus instintos maternais são o oposto dos instintos naturais de uma mãe acolhedora. A madrasta da Cinderela, por exemplo, é uma progenitora narcisista que gosta de humilhar e negligencia e critica a filha depois que Cinderela sofreu o trauma de perder o pai. A madrasta de Branca de Neve é vilã também – uma progenitora narcisista e cruel, obcecada em comparar sua beleza com a beleza de sua filha, e ao descobrir que a filha é mais bonita traça um plano para matá-la. A mãe adotiva de Rapunzel é uma narcisista tipo helicóptero, que isolou a filha do mundo, mentiu a respeito no seu nascimento, exigiu lealdade, e insistiu em sempre estar com a razão.

 

Relacionamento Mãe/Filha

Essas histórias dão bons enredos de filmes, mas na vida real não são nada divertidas. As versões literais podem até combinar os três tipos de mães citadas acima. O impacto de uma mãe narcisista assim no seu filho é forte e traumático para ambos os gêneros, mas as filhas dessas mães sempre recebem o pior do impacto. Mães narcisistas competem com suas filhas por elas terem pele mais jovem, oportunidades melhores, e silhuetas mais magras. Mães acolhedoras, ao contrário, se entusiasmam com as possibilidades do futuro de suas filhas e procuram incentivar e nutrir um relacionamento saudável com elas.

 

Uma Narcisista Grávida

Uma mulher grávida recebe naturalmente muita atenção de amigos, familiares e até de estranhos. A própria gravidez traz sentimentos de esperança, expectativa e positividade para aqueles que testemunham uma parte dela. Isso alimenta instantaneamente o ego narcisista, abalado devido às mudanças físicas na aparência. No entanto, depois que o bebê nasce e a atenção se volta para a criança, a mãe narcisista fica com inveja do recém-nascido. Na tentativa de manter o controle da atenção, uma narcisista ou se afasta da criança ou gruda nela. Agora pode satisfazer sua necessidade de atenção, mas a criança já está sofrendo as consequências das atitudes da mãe.

 

Primeiro estágio de desenvolvimento

Segundo os Oito Estágios de Desenvolvimento Psicossocial de Erik Erikson, no primeiro estágio uma criança aprende a confiar ou não no seu cuidador. A confiança engendra esperança e fé numa criança ao passo que a falta de confiança cultiva suspeita e medo. Nas mãos de uma mãe narcisista neste estágio podem acontecer versões mais extremas de uma forma negativa de crescimento. A confiança se traduz em fixação na mãe e a falta de confiança se converte em paranoia ou pânico. Ambos casos incentivam o desenvolvimento da ansiedade numa criança que tenta inconscientemente manter ou ganhar amor da mãe.

 

Mãe Helicóptero

A mãe que engendra confiança exclusiva na criança é uma progenitora helicóptero. Aos olhos dos outros, esta mãe parece ser perfeita, dedicada, envolvida em todos os aspectos da vida da criança. No entanto, o que os outros não veem é que esta mãe não permite que a criança tome por si mesma a menor decisão e assim sequestra completamente o desenvolvimento crucial de autonomia e de iniciativa. A criança se transforma na extensão física da identidade da mãe e se torna incapaz de se separar como indivíduo. Em troca da sua dedicação e lealdade à criança, a mãe espera que a criança a adore, alimentando assim sua necessidade narcisista de admiração. Outros veem a “criança perfeita” e reverenciam a mãe por suas excelentes habilidades como educadora, mas deixam de ver completamente o preço que esta criança está pagando e a influência fatal no seu desenvolvimento.

 

Uma mãe narcisista geralmente produz um ou outro tipo de criança: a criança que se torna um adulto muito mais maduro do que sua idade, ou o adulto constantemente dependente dos outros para sua sobrevivência e que se sente com o direito de receber constante atenção dos outros. É triste que as duas variações vão exigir terapia por ter tido essa personalidade assustadora como mãe, mas a recuperação não é tão impossível como parece.

 

Original inglês em: https://pro.psychcentral.com/exhausted-woman/2018/07/narcissism-in-mothers-the-reality-of-the-classic-villainess/?utm_source=Psych+Central+Professional&utm_campaign=a22cabd984-PRO_B_EMAIL_CAMPAIGN_COPY_01&utm_medium=email&utm_term=0_7ef5d0b4f0-a22cabd984-30460681

 


NARCISISTAS NÃO CRIAM FILHOS por Júlia Bárány

NARCISISTAS NÃO CRIAM FILHOS: ISTO EXPLICA PORQUE VOCÊ ESTÁ TENDO TANTA DIFICULDADE

Por Júlia Bárány, baseado no texto de Sharine Stines, Psy.D:

 

Você está exausta além da conta com a criação de seus filhos. Criar filhos é uma tarefa difícil, mas quando você tem um parceiro colaborativo, juntos vocês conseguem. No entanto, quando o seu parceiro é um narcisista o quadro é totalmente diferente. (Usarei o genérico masculino, mas serve para homem e mulher)

É porque, na prática, você é uma mãe ou um pai solteiro. E não só isso, se você ainda está casada com o narcisista, ele é o filho que mais lhe dá trabalho, deixando-a num alto nível de estresse a maior parte do tempo.

Se você está tentando criar filhos junto com um narcisista, é melhor que você desista já. Repita comigo: “Eu sou um pai/mãe solteira.” Ou, “Ele não é um pai/mãe.” Mesmo que o narcisista seja o pai (mãe) biológico, ele não está interessado, nem é capaz de criar outro ser humano.

Examinemos este conceito. O que significa criar filhos? Para ser pai ou mãe é necessário ter as seguintes habilidades ou traços:

– Responsabilidade

– Auto-sacrifício

– Iniciativa

– Servir de modelo positivo

– Trabalho duro

– Consistência

– Estabilidade

– Paciência

– Perseverança

– Empatia e Compaixão

– Respeitabilidade

Convenhamos, um narcisista possui qualquer um desses traços?

Antes de tudo, aos narcisistas falta maturidade. Conforme mencionado acima, pessoas que estão casadas com um narcisista percebem que o seu cônjuge é o filho mais difícil que elas têm. Não só o seu parceiro é incapaz de criar filhos, como também ele precisa ser cuidado como um filho grande. E o fato é que, por mais que o cônjuge não narcisista tente, jamais conseguirá conduzi-lo à plena maturidade.

Perceba que quando você co-educa (a propósito, termo inadequado nesse contexto) com um narcisista, você está trabalhando junto com um adulto que não é suficientemente maduro para criar filhos. Se você entender isso, você estará melhor equipado para continuar. Viver na realidade é sempre melhor do que viver com a falsa crença de que a outra pessoa vai mudar.

Em vez de possuir traços que beneficiarão as crianças que precisam de educação, os narcisistas estacionam num nível inferior de desenvolvimento – frequentemente agindo como uma criança pequena. Isso os torna incapazes de educar filhos de forma responsável. De fato, muitos pais narcisistas competem com seus próprios filhos biológicos – uma das consequências negativas de se ter um progenitor narcisista.

O que você pode fazer se você é o não narcisista da dupla?

Resposta: Mude o seu diálogo interior.

Você pode mudar tudo repetindo mentalmente um simples mantra: “Eu sou o único progenitor que meus filhos têm.” Essa afirmação vai lhe poupar de desperdiçar anos de sua vida se frustrando. Tendo consciência dessa realidade, você se livra das seguintes armadilhas montadas quando o outro progenitor na vida de seus filhos é um narcisista:

  • Esperar anos, até décadas para que o outro progenitor assuma responsabilidade
  • Sentir-se constantemente frustrado/a com as ações e inações do outro progenitor
  • Acumular ressentimentos após incontáveis experiências de expectativas não realizadas

Ao aceitar que o narcisista na realidade não passa de uma criança subdesenvolvida e portadora de um distúrbio, de repente uma luz se acende e você percebe de fato com o que você esteve lidando há tanto tempo.

Depois que você se dá conta da situação, você consegue se ocupar com o resto de sua vida.

Tentar constantemente fazer com que o outro “veja” ou mude é no mínimo infrutífero. O pior é que a frustração diária leva a um infindável estado de estresse. Em vez de viver com este pesadelo, faça uma escolha consciente de aceitar seu papel único na vida de seus filhos, desfrute deste papel, e pare de malhar em ferro frio.

 

(https://pro.psychcentral.com/recovery-expert/2018/04/narcissists-do-not-parent-this-explains-why-you-are-having-such-a-hard-time/?relatedposts_hit=1&relatedposts_origin=6367&relatedposts_position=0#at_pco=tst-1.0&at_si=5b4658199a671f42&at_ab=per-2&at_pos=0&at_tot=2


AS DESCULPAS QUE OS PSICOPATAS NOS CONTAM

As desculpas que os psicopatas nos contam, para dizer: “Não é a minha culpa.”

Quem ouviu outras desculpas, contribua!

Por Júlia Bárány, baseado no artigo de Donna Andersen em: https://lovefraud.com/12-ways-sociopaths-say-its-not-my-fault-what-have-you-heard/

 

Uma das características que definem um psicopata é que ele nunca assume responsabilidade por coisa alguma, embora aparentemente até diga que seja responsável por algo, só para fazer pose de gente decente. Na verdade, um psicopata acha que nunca é culpa dele. Qualquer problema que ele possa estar enfrentando sempre é causado por outro alguém, ou pelas circunstâncias além de seu controle.

Donna Andersen acha que foi uma criança psicopata que inventou a desculpa para a professora: “O cachorro mastigou minha lição de casa.”

Um psicopata adulto pode ter dito que seu negócio revolucionário não vingou porque o governo tomou seu terreno. É claro que ele não mencionou o fato de que ele jamais teve um terreno, e jamais levantou o dinheiro para começar o tal negócio. E culpou o governo por seu negócio não ter dado certo.

Há uma lista enorme de desculpas psicopáticas que os terapeutas que cuidam das vítimas ouvem:

– Eu tenho problemas porque sofri abuso quando criança

– Minha mãe era louca, por isso eu tive uma infância infeliz

– Não tenho culpa de ter estuprado uma adolescente, pois afinal ela se ofereceu para mim

– Saí do emprego porque meu chefe é um tolo

– Perdi o processo porque a outra parte foi desonesta

– Minha ex é psicologicamente perturbada, coitada, e eu aguentei isso durante anos

– Minha ex não permite que eu veja as crianças porque ela é louca

– O governo congelou minhas contas bancárias por isso não consigo acessar meu dinheiro

– Repeti de ano porque a professora me odeia

– O rapaz era tão afogueado que eu precisei dormir com ele

– O cachorro não parava de latir por isso tive que acabar com ele

– Eu a divorciei para protegê-la das minhas dívidas

– Meu genro é um psicopata por isso ele quer tirar tudo de mim

– etc.

Os objetivos para essas desculpas são:

– Fazer-se de vítima

– Transferir a culpa para outros

– Ganhar compaixão dos outros

O psicopata está tentando convencer seu alvo – isso é você – que ele merece crédito, é confiável e precisa ser ajudado, porque ele não é responsável pelos problemas que enfrenta.

É preciso sempre ter em mente que:

  1. Psicopata mente muito, portanto, uma desculpa pode ser total criação dele
  2. Mesmo quando psicopata não está mentindo, ele sempre tem um motivo oculto
  3. As desculpas são tentativas de impressionar, convencer você a lhe dar o que ele quer

Abaixo, contribuam com as desculpas que vocês ouviram!


O PODER DO DIÁLOGO INTERIOR CONSTRUTIVO

(por Júlia Bárány, baseado no artigo de Christine Hammond, em: https://pro.psychcentral.com/exhausted-woman/2018/05/the-power-of-intentional-self-talk/?utm_source=Psych+Central+Professional&utm_campaign=1bc36b5c2a-PRO_B_EMAIL_CAMPAIGN_COPY_01&utm_medium=email&utm_term=0_7ef5d0b4f0-1bc36b5c2a-30460681)

 

Muitos de nós crescemos ouvindo frases depreciativas sobre nós pronunciadas por nossos pais, e depois por nossos cônjuges, como “Você é um bobo/a”, “Você nunca vai dar certo na vida”, “Todos conseguem boas notas, menos você”, “Olha o seu irmão como é popular, você não, é um fracote”, “Ninguém quer você”, “Você é muito feio/a”, “Você é um perdedor”, “Você é um fracasso”, “Lamento o dia em que você nasceu”, “Eu nunca quis ter filhos, agora tenho que aturar você”, “Você é um estorvo na minha vida”.

Chega, não?

O pior é que essas frases ficam reverberando na nossa mente mesmo depois que nossos pais não estão mais conosco ou depois que nos separamos do cônjuge abusivo. Acreditamos nessas frases como sendo verdadeiras e continuamos pronunciando-as para nós mesmos num diálogo interior depreciativo. E essas maldições (porque são maldições mesmo!) se realizam na nossa vida. Não conseguimos progredir, não conseguimos encontrar amor na nossa vida, e estamos sempre por baixo, deprimidos e derrotados.

É preciso mudar este diálogo interior!

A cada frase negativa escreva uma frase positiva: “Eu sou inteligente”, “Eu serei bem-sucedido em tudo que empreender”, “Eu serei valorizado e apreciado”, “Não importa os outros, eu sei que sou bom”, “As pessoas vão perceber o meu valor”, “Sou atraente do meu jeito”, “O que eu quero fazer vai dar certo”, “Agradeço o dia em que nasci”, “Vou conseguir vencer minhas dificuldades”…

Essa lista de frases construtivas anula o efeito das frases negativas! Coloque-a num lugar da sua casa onde você possa lê-las frequentemente, até que as outras frases negativas percam por completo o poder sobre você. Parabéns, você mudou o seu diálogo interior e se tornou dono de sua própria vida.

 

O/a abusador/a psicopata muitas vezes entra na nossa vida por esta porta vulnerável. Ele/ela cria uma falsa apreciação de nós, contrária a essas frases negativas que ouvimos na infância, e nos agarramos a essa pessoa que enfim nos valoriza. Só que o psicopata o faz unicamente para conquistar você. Na fase do descarte ele volta a pronunciar essas frases negativas, e você cai na armadilha mais uma vez.

Ao fazer o exercício acima, e mudando o seu diálogo interior, você nunca mais cairá nessa armadilha. Você não dependerá de ninguém para saber que você tem valor. Você está livre.


COMO É POSSÍVEL ESTAR APAIXONADA PELO SEU ABUSADOR?

COMO É POSSÍVEL ESTAR APAIXONADA PELO SEU ABUSADOR?

Por Júlia Bárány, baseado no texto de Donna Andersen: https://lovefraud.com/vicky-cilliers-is-unable-to-acknowledge-that-her-husband-tried-to-murder-her-by-tampering-with-her-parachute/

 

Ouço histórias contadas por advogados que tentam por todos os meios legais proteger as vítimas de abuso psicopata quando, no momento crítico, quando o caso parece que vai se resolver, a própria vítima passa a defender o seu abusador. Então o caso desmorona e a vítima perde tudo a que tinha direito, e às vezes mais.

Também em situações sociais ou familiares isso acontece: a vítima que sofre de abuso na intimidade do lar, defende perante os outros o próprio abusador, anulando qualquer chance de se livrar do abuso.

Donna Andersen, em seu artigo acima citado, conta a história de Victoria Cilliers, a segunda esposa de Emile, que foi condenado diante de provas irrefutáveis, por ter tentando matar sua mulher e seus dois filhos.

Emile Cilliers é um sargento do exército britânico. Em abril de 2015 ele danificou o paraquedas de Vicky antes de ela saltar (os dois praticavam o paraquedismo). Ela caiu por 1.300 metros, ficou gravemente ferida, mas milagrosamente se salvou. No início daquela mesma semana, Emile danificou o encanamento de gás da casa deles. Caso tivesse explodido, teria matado Vicky e os dois filhos.

Embora o tribunal o julgasse culpado, Vicky não consegue acreditar que o marido seria capaz de assassiná-los. Ela declara que não pretende divorciá-lo e disse aos filhos que o pai “está fora trabalhando”.

As evidências de que Emile Cilliers é um psicopata são:

Ele tentou matar sua esposa duas vezes no espaço de uma semana.

Ele queria estar com sua amante e se livrar das dívidas – matando Vicky e recebendo o seguro de vida dela ele realizaria as duas coisas.

Ele mentia. Muito.

Ele tinha dois filhos com sua namorada da adolescência e os abandonou a todos.

Ele se casou com a primeira esposa sem terminar o relacionamento com a primeira namorada.

Ele se casou com a segunda esposa, Vicky, mas continuou frequentando a cama da primeira esposa.

Ele praticava sexo casual e frequentava clubes de sexo.

Ele buscava excitação a todo custo.

Ele proclamava sua inocência apesar de substancial evidência de ser culpado.

 

Vicky admite que o marido mentia, desviava dinheiro e a traía. Então, por que ela não acredita que ele podia matá-la?

A resposta: dissonância cognitiva, vício no psicopata e Síndrome de Estocolmo, ou vínculo traumático.

Dissonância cognitiva é um estado que se baseia na necessidade de os seres humanos estabelecerem harmonia entre suas crenças e suas ações. A dissonância e o conflito são gerados quando não há essa harmonia, quando acreditamos em algo que depois os fatos desmentem, ou quando nossas crenças e nossas ações não combinam.

Para resolver essa dissonância, lançamos mão das seguintes estratégias:

  1. Mudamos a crença ou a conduta
  2. Buscamos novas informações que contrapesam a crença dissonante
  3. Reduzimos a importância das crenças

Como é que uma pessoa se vicia no psicopata?

  1. O prazer do início do relacionamento estabelece um vínculo psicológico.
  2. A segunda fase do relacionamento, quando o psicopata começa a criar medo e ansiedade, ameaça de abandono, tratamento dúbio uma vez agrada outra vez repele, fortalece o vínculo psicológico.
  3. A vítima busca alívio da angústia e do medo junto ao próprio psicopata, o que estreita ainda mais o vínculo psicológico.

Segundo Donna Andersen, Vicky já tinha o vínculo traumático com o abusador antes do acidente com o paraquedas. Tendo que lutar com as graves consequências do acidente e dois filhos pequenos, sua psique estava sobrecarregada. Ela não conseguiria processar mais um choque que é o fato de o marido ser um assassino. Negando, ela se protegeu de algo que a poderia desestruturar completamente. Talvez um dia ela seja capaz de ver os fatos como eles são.


OS TIJOLOS DO CARÁTER PSICOPÁTICO

O aspecto emocional e interpessoal da “falta de empatia”

De Christine Louis de Canonville, tradução de Júlia Bárány

 

Os psicopatas mostram falta de sentimentos para com as pessoas em geral; eles são frios, desdenhosos, sem consideração, e lhes falta tato (Hare, 1999).

Esta falta de empatia é a base de muitas características deles – mentira patológica, emoções rasas, violência chocante, falta de vergonha, egocentrismo, falta de remorso, enganação, manipulação, etc.

Tendo sua empatia literalmente “desligada”, insensíveis, eles pensam somente em si mesmos.

Parece que não ter empatia surge de anormalidades no circuito da empatia do cérebro, deixando os psicopatas subdesenvolvidos nas reações empáticas.

Por isso, eles podem ser determinados e insensíveis, e indiferentes aos direitos e ao sofrimento dos outros. Eles são tão famintos emocionalmente quanto os androides. Sem a capacidade de experienciar ligações emocionais reais, eles não possuem senso de dever moral com relação a ninguém além de seus próprios interesses.

Eles tratam os vulneráveis com desdém porque os psicopatas veem a vulnerabilidade como fraqueza. Para eles, quem é fraco merece ser explorado. Incrivelmente, eles conseguem justificar suas ações, e até racionalizar que eles, de alguma maneira, são de fato a vítima. Esta falta de empatia permite-lhes desumanizar as pessoas em meros objetos para serem manipulados. A psicopatia começa cedo na vida (no que tem sido rotulado “distúrbios de conduta infantil”).

Esses indivíduos podem ter torturado animais, abusado de membros da família ou cometido atos a sangue frio contra os outros enquanto cresciam. Parece que essa falta de empatia os deixa incapazes de se colocar no lugar do outro a fim de entender e identificar-se com suas situações e seus sentimentos. É como se os psicopatas simplesmente carecessem da capacidade de construir fac-símiles mentais e emocionais de outra pessoa. Por falta de empatia, os psicopatas são muito atraídos a pessoas altamente empáticas como fonte de suprimento.

Os empatas são capazes de se colocar nos sapatos do narcisista, dando-lhe o cuidado, o calor, o consolo e a atenção que ele anseia. Infelizmente, a empatia da vítima também os arma de forma que alimenta a necessidade psicopática de poder e domínio, dando ao psicopata o controle sobre as emoções de sua vítima e mantendo-a enganchada no relacionamento.

Porém, eu não estou convencida de que o cociente empático do psicopata esteja preso no zero. Provavelmente, os psicopatas sabem como ligar e desligar seus interruptores de empatia, e até misturam empatia para capturar o estado emocional do outro. Isso os torna mais eficientes quando se trata de saber quais botões apertar com o propósito de o outro morder a isca e se enganchar no anzol.

Eles também parecem saber como usar a empatia como um solvente para resolver problemas de relacionamento e penetrar na mente dos outros. De fato, sua compreensão de empatia lhes permite usá-la a seu próprio favor tornando-se altamente competentes e eficientes na variedade e no alcance do abuso. Mas empatia é uma emoção complexa, portanto é preciso entender de início que as pessoas podem cometer as coisas mais horríveis, identificando-se intimamente com suas vítimas, e aprender a viver com a angústia que se acumula (Turvey, 2012).

Há muitos incidentes de psicopatas que mostraram empatia para com suas vítimas na cena de um crime. Por exemplo, o estuprador estendendo um casaco para sua vítima, ou o sequestrador decidindo não machucar uma vítima quando ela chora, e até devolvendo-a para o lugar de onde a sequestrou. Às vezes o psicopata irá concordar com considerar um pedido da vítima, como usar um preservativo durante o estupro, desamarrando suas mãos ou pedindo desculpas depois da ofensa.

O que o psicopata realmente carece é geralmente um senso de compaixão. Michael Stone, um psiquiatra forense, afirma que os psicopatas usam a empatia a seu favor. Mesmo os assassinos em série sabem que quando uma criança chora, ela está sofrendo provavelmente porque foi separada de sua mãe. Enquanto uma pessoa compassiva sente tristeza pela criança e toma medidas para encontrar a mãe, o psicopata usa a oportunidade para levar a criança pela mão e finge levá-la para a mãe, mas em vez disso a sequestra (como foi o caso de Jamie Bugler, de dois anos de idade, que foi assassinado por dois garotos de dez anos de idade, Venables e Thompson).

Falta de empatia é um aspecto essencial do distúrbio de personalidade narcisista (DPN), e é o que mantém o narcisista patológico preso nas suas posições constantes de adversidade e oposição.


COMO SEU CÉREBRO ADMINISTRA UM TRAUMA

tradução livre por Julia Bárány de trechos de https://lovefraud.com/after-the-sociopath-managing-how-my-brain-manages-trauma/

 

Depois que você sofreu um trauma, seu cérebro assume uma tarefa. Ele se compromete a proteger você pelo resto da vida. Dali em diante, seu trabalho é de garantir que você sempre esteja totalmente seguro.

Ao adormecer você se torna vulnerável, entregue ao ambiente e às circunstâncias sem poder se proteger. Nesse estado você poderá ser traumatizado novamente, e foi o que aconteceu quando você era criança, por exemplo. Os pensamentos e as imagens que inundam sua mente quando você tem insônia são manobras do seu cérebro para manter você acordado e poder se defender caso necessário.

Você pode ver imagens de violência, ter pensamentos de situações amedrontadoras, de impotência, de angústia, de ansiedade, e isto tudo é calculado pelo seu cérebro para que você se mantenha vigilante. Esses pensamentos não cessam porque o comprometimento do seu cérebro é com sua proteção.

Então o que fazer?

Tenha uma vida apaixonante, viva bem o seu dia a dia, e transforme suas horas acordadas em horas significativas e com propósito.

As imagens de violências vão continuar ocorrendo, mas se você for dormir após um dia bem vivido, terminando-o satisfeito consigo mesmo, elas tenderão a durar pouco. Sua satisfação por ter feito o melhor que pode do seu dia o acalentará para o sono.

O seu cérebro ama você do melhor jeito que consegue. Então use o exercício de contar carneirinhos e coloque no lugar dos carneirinhos os vários momentos de prazer que você conseguiu ao longo do seu dia.