VICIADO EM NARCISISTA


Por Sheri Heller, tradução de Júlia Bárány, original publicado por Tracy Malone em https://narcissistabusesupport.com/addicted-to-a-narcissist-

Frequentemente encontro pessoas que estão emocional e psicologicamente devastadas pela ruína de um envolvimento romântico com um narcisista maligno. Essas mulheres e esses homens são inteligentes, atraentes e empáticos. No entanto, não conseguem se desvencilhar da insidiosa dinâmica de abuso e violência. Eles estão viciados.

O trabalho de B. F. Skinner com condicionamento funcional nos mostra que o que aprendemos é impactado pelo reforço e pela consequência do castigo/desprazer. Um padrão de intermitente reforço estabelece imprevisibilidade e confusão. O abusador narcisista capitaliza sobre esse fenômeno. A mente da vítima se agita para descobrir o que deve fazer para conseguir reação positiva do abusador narcisista. Eventualmente a dissonância cognitiva se estabelece e a urgência desesperada de discernir uma razão se torna a força motriz.

Nesse ponto, a vítima já está capturada num ciclo viciado e ao mesmo tempo vê o torturador como salvador.

O abusador é deificado pela vítima. A vítima evidencia sinais da Síndrome de Estocolmo, uma forma de vínculo traumático no qual as vítimas se apegam patologicamente ao seu perpetrador.

Este apego patológico é uma estratégia de sobrevivência, que capacita a vítima a se dissociar da dor. Ao negar o horror dessa realidade traumática e adotar a perspectiva do abusador, a vítima afasta a ameaça de desamparo e o terror que de fato vivencia.

O locus de controle da vítima fica centrado em apaziguar e agradar o abusador, mitigando assim o perigo. Com o tempo, a vítima se torna exageradamente identificada com o abusador, ignorando suas próprias necessidades e assumindo a responsabilidade pelo “sofrimento” do abusador. A vítima começa a acreditar que o abuso é culpa sua.

Quando a vítima finalmente chega no fundo e é ou destruída ou descartada pelo narcisista, ou se confronta com as muitas infidelidades, surras, ruína financeira, ou outras formas intensas de abuso, ela/ele pode estar pronto/a para procurar ajuda profissional.

A fim de iniciar um processo de recuperação, é aconselhável a regra do Não Contato, para romper o vínculo tóxico.

A vítima terá o desafio de lidar com sintomas de abstinência, caracterizado pela obsessão compulsiva e transbordamento emocional. Recursos tais como trabalho corporal, meditação e medicação podem ser necessários para estabilizar o sistema límbico desarranjado da vítima.

Conhecimento é poder. Aprender sobre dependência do narcisista e identificar traumas arraigados na sua família de origem que tornam a pessoa vulnerável a ser alvo de vitimização são aspectos críticos da cura. Uma continuidade no tratamento pode penetrar nas profundezas complexas de resgate e reconstrução.

Finalmente, a vida depois do abuso narcisista toma um novo significado para o sobrevivente. Metabolizar a realidade do mal altera a visão de mundo da pessoa. Esta alteração permite ao sobrevivente cultivar limites realistas. Ela incentiva o sobrevivente a se comprometer tenazmente com sua segurança, previsibilidade, e relacionamentos que honram a dignidade pessoal.

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