Arquivo diário: 7 de fevereiro de 2017


Amor, Sexo, seu Cérebro e os Psicopatas

Artigo de Donna Andersen, traduzido por Júlia Bárány

(in http://www.lovefraud.com/2017/02/06/love-sex-your-brain-and-sociopaths-2/)

 

Desde o início da história registrada, os seres humanos tentam entender e explicar os mistérios do amor e do sexo. No decorrer das últimas décadas, cientistas passaram a usar equipamento especializado a fim de medir excitação física conectando aparelhos nas partes íntimas. Mais recentemente, eles observaram o órgão romântico mais importante do corpo humano – o cérebro.

Forbes escreveu sobre a pesquisa de Andreas, Bartels, Ph.D., no Imperial College de Londres. Bartels usou um exame de ressonância magnética que pode capturar imagens da atividade cerebral, para determinar as regiões do cérebro ativadas pelo amor.

Bartles realizou um estudo de 17 pessoas loucamente apaixonadas. Ele lhes mostrou fotos de amigos platônicos e outras de seus entes amados enquanto observava sua atividade cerebral. As imagens resultantes mostraram claramente que determinadas secções do cérebro são estimuladas pelo amor.

Em seguida o cientista realizou outro estudo para observar o cérebro de mães que cuidam de seus bebês. As imagens mostraram que exatamente as mesmas regiões do cérebro são estimuladas pelo amor materno, exceto uma região do hipotálamo na base do cérebro que parece estar vinculada com excitação sexual.

A conclusão, portanto, é que regiões específicas do cérebro se acendem com a perspectiva do amor.

Bartels também percebeu algo mais: Quando os sujeitos testados estavam apaixonados, determinadas regiões do cérebro se desligavam. Os escaneamentos mostraram que três áreas do cérebro geralmente associadas ao julgamento moral escurecem.

 

A química do amor

E temos ainda a química do amor. Helen Fisher, Ph.D., professora na Rutgers University, escreveu que três redes neuronais no cérebro, junto com seus neurotransmissores associados, são associadas ao amor. São elas:

– desejo: anseio por gratificação sexual, vinculado à testosterona tanto em homens quanto em mulheres

– atração romântica: euforia e a busca de união com o novo amor, vinculadas aos estimulantes naturais dopamina e norepinefrina, e atividade baixa da serotonina

– apego: a tranquila união emocional com um parceiro de longa data, vinculada à ocitocina e vasopressina

Fisher realizou também um estudo usando a tecnologia da ressonância magnética. Ela escaneou o cérebro de 40 homens e mulheres que estavam loucamente apaixonados. Quando estas pessoas olhavam as fotos de seus amados, os escans mostravam aumento de atividade nas regiões do cérebro que produzem dopamina. Esse neuroquímico é associado com sentimentos de excessiva energia, euforia, atenção focada e motivação para ganhar recompensas.

Dopamina, aliás, é também o neurotransmissor associado com vícios.

 

Efeitos da excitação

A pesquisa tem provado o que provavelmente todos nós experienciamos – a excitação sexual pode nos fazer jogar a cautela aos ventos.

Em outro estudo usando a tecnologia da ressonância magnética, Dr. Ken Maravilla da Universidade de Washington descobriu que a excitação sexual obscurece as partes do cérebro que controlam a inibição e, talvez, julgamento moral.

“Essas são as coisas que mantêm você alinhado, e na excitação precisam se tornar menos ativas, permitindo que você se excite,” disse Maravilla, conforme citação em Wired Magazine.

Num estudo chamado “O calor do momento: o efeito da excitação sexual no processo de tomada de decisões sexuais”, Dan Ariely, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, e George Lowenstein, da Universidade de Carnegie Mellon, documentaram que estar excitado sexualmente afetava o julgamento de estudantes universitários. (bem…)

Especificamente, Ariely e Lowenstein descobriram que “o aumento de motivação para ter sexo produzido pela excitação sexual parece diminuir a relativa importância de outras considerações, tais como comportamento ético para com o parceiro sexual potencial ou proteger-se contra gravidez indesejada ou doenças sexualmente transmissíveis.”

Mas outra descoberta deles foi “as pessoas parecem ter uma percepção limitada do impacto da excitação sexual sobre seus julgamentos e sua conduta.” Em outras palavras, a maioria de nós não avalia quão fortes são os impulsos sexuais e como eles podem nos levar a fazer coisas que talvez não devessemos fazer.

 

Sedução psicopática

Então vamos olhar para toda essa informação no contexto dos nossos relacionamentos com psicopatas.

Duas das estratégias principais usadas pelos psicopatas para nos capturar são amor e sexo. Eles proclamam enfaticamente seu amor e nos seduzem conscientemente a terem sexo com eles. Então o que acontece?

– o amor acende regiões específicas do cérebro e ao mesmo tempo, obscurece regiões associadas com moral e julgamento

– as regiões do cérebro que produzem dopamina se ativam, e dopamina está relacionada com vício

– a excitação sexual obscurece as partes do cérebro responsáveis pela inibição e julgamento que poderiam nos impedir de fazer más escolhas

– não reconhecemos o impacto que os desejos sexuais exercem sobre o nosso julgamento e a nossa conduta

Dr. Helen Fischer escreve que os três sistemas cerebrais primários associados com amor evoluíram através dos tempos para desempenhar diferentes papeis no namoro, acasalamento, reprodução e geração de filhos. São as maneiras que a Natureza usa para garantir a sobrevivência da espécie humana.

Os psicopatas proclamam de forma convincente o seu amor duradouro e o seu desejo sexual por nós. Sem perceber o profundo engodo desses predadores, acreditamos que eles nos amam. Fazemos sexo com eles, e o sexo é magnífico. Muitos leitores de Lovefraud se mostraram pasmos com o apetite e o desempenho sexual dos psicopatas.

Portanto, os psicopatas sequestram o nosso cérebro por meio de nossos sentimentos de amor e dos vínculos do sexo. Nas suas seduções, eles voltam as funções psicológicas e químicas naturais dos nossos cérebros contra nós.