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NÃO, VOCÊ NÃO É UM PSICOPATA

É muito frequente que os sobreviventes cheguem à desconcertante suposição de que seriam eles mesmos psicopatas.

Ora, é natural que você comece a se questionar e duvidar de sua bondade. É um assunto desagradável, até viciante. O seu cérebro, como qualquer outra parte do corpo, aprende hábitos – no constante vai e vem para o assunto psicopatia, é normal que você passe a olhar para todos, inclusive para si mesmo, sob essa ótica.

Você não precisa de jeito nenhum dessa preocupação no seu processo de cura. Um psicopata jamais se preocuparia com tal coisa, e esse é o primeiro sinal de que você não é psicopata. Um psicopata não se importa com essas coisas.

Você tem medo porque percebeu que a psicopatia está na raiz de todo o mal.

Mas os psicopatas não consideram que isso seja um distúrbio, muito pelo contrário, eles o consideram uma força. Eles se sentem superiores aos seres humanos justamente por não terem consciência. Você é assim?

Eis as razões de sua terrível suposição:

  1. O psicopata fez você se sentir assim

Durante o relacionamento, o psicopata projeta suas falhas em você. Ele diz que você é carente, ciumento, dependente, grudento, controlador, cruel e maluco. É tudo projeção. Você se sentia assim antes, em relacionamentos normais? Você reconhece ser esta a sua verdadeira natureza? Essas são todas características de psicopatia, e não é por coincidência que elas vão desaparecendo aos poucos depois que você se afastou do psicopata.

As vítimas absorvem todos os problemas do relacionamento, acreditando que é tudo culpa delas, perdoando e relevando tudo para salvar a perfeita fase inicial. Depois que sua identidade foi destruída, e aconteceu o grand finale, é natural que você se sinta mal consigo mesmo. Mas lembre-se, aquilo não era você mesmo, essa sua identidade desagradável foi deliberadamente fabricada pelo psicopata.  Você foi usado como depósito de lixo dos mais terríveis traços do psicopata. Você foi alvo de uma espécie de hipnose, técnica que os psicopatas dominam magistralmente. Além disso, o psicopata levou você à depressão pelo vampirismo psíquico, energético, social e financeiro. A depressão leva você para o buraco da negatividade e faz você desacreditar de si mesmo. Essas coisas não são reais. Foram fabricadas.

  1. Você tem limites

Provavelmente você não costumava determinar seus limites. Muitos sobreviventes nunca os tiveram. Depois do psicopata você começa a estabelecer seus limites, porque no caminho da cura você começa a cultivar o autorrespeito e de início isso parece um tanto egoísta. Mas você apenas deixou de ser capacho.

Com esse novo conhecimento, você detecta a toxicidade em outros relacionamentos e passa a ter discernimento que antes não tinha. Você começa a esperar que outros o respeitem, senão você se afasta. E os outros podem começar a criticar você. Só porque você está aprendendo a dizer “não”, não significa que você é psicopata. E mais, toda vez que você o diz, você recupera para a vida mais uma parte de você.

  1. Você vivenciou o ciclo de relacionamento

A alma gêmea manufaturada não é humana, nunca foi. É distorcida, demente, má. O psicopata sempre segue o ciclo de idealizar, desvalorizar, descartar, em todos os relacionamentos, não se iluda. Você também passa por estas fases, só que ao contrário. Primeiro você o idealizou como nunca o fez antes com ninguém, depois você é que foi desvalorizado e em seguida descartado. Esse não é um ciclo normal depois de um término de relacionamento. Há assuntos a resolver depois de um término normal, e às vezes muita raiva e mágoa precisam ser digeridas. Num relacionamento normal existe um término. Num relacionamento com psicopata não existe um término porque não existe lógica alguma, não existe responsabilidade, muito menos realidade. Foi tudo fabricado. Foi tudo falso.

Há ainda um agravante: os outros não acreditam em você e também o desvalorizam. Isso faz com que você seja abusado de novo. Mas não se permita ser abusado de novo. Afaste-se, se possível, nem que seja só dentro de você. Mantenha aquele fio dourado que o conecta à sua integridade, à sua alma.

  1. Você perdeu a capacidade de sentir empatia

Você perdeu qualquer estabilidade emocional. Você se sente apático e vazio. Mas isso é a consequência do “tratamento” que o psicopata dispensou a você. Faz parte da cura você se isolar. Você precisa se enrolar em sua concha para se encontrar novamente. Sua verdadeira natureza não é apática nem vazia. Você está assim, não é assim. O psicopata É vazio e totalmente sem empatia, eis a abissal diferença. Você se tornou hipersensível a qualquer mostra nos outros de traços psicopáticos, como falta de atenção, de respeito, de responsabilidade. Mas isso vai passar. E você será capaz de ter relacionamentos plenificantes como nunca antes.

  1. Compreensão da natureza humana

A experiência com psicopata lhe deu uma compreensão da natureza humana que você não tinha antes. Porque para sobreviver e entrar no processo de cura você teve que mergulhar profundamente em você mesmo, no autoconhecimento. Você deixou de ser ingênuo, acreditando que todos possuem um lado bom, e passou a ver o mal no mundo. Você sabe agora que todos nós temos os dois lados dentro de nós, e cabe a cada um escolher qual acionar. E você sabe agora que o psicopata não tem o lado bom, porque ele é um ser amoral, portanto, o único lado que ele aciona é aquele que ele tem: o mau, o cruel, o ardiloso. Ele nem possui cérebro para acionar qualquer outra coisa, muito menos consciência.

Você descobriu suas próprias fraquezas e inseguranças, que foi por onde você foi capturado na armadilha do psicopata. Você fica alerta quando alguém lhe dirige um elogio, porque o psicopata usou elogios como armas para capturar você. Você desconfia quando alguém o trata com excessiva atenção e generosidade. Essas também foram as armas que o psicopata usou para capturar você.

Conforme você for reconquistando seu equilíbrio emocional, esse conhecimento lhe será muito útil para reconstruir sua vida.

Você não é psicopata. Você é o extremo oposto. E é por isso que você se faz essa pergunta que o psicopata jamais faria. Porque além de tudo, ele sabe que é psicopata.

(por Júlia Bárány, baseado no texto em www.psychopathfree.com/articles/no-youre-not-a-psychopath.140/)

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