O TREINAMENTO QUE OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DEVERIAM TER (Donna Andersen – Lovefraud.com)


imgres

“Enlouquecedor” é como pessoas descrevem envolvimentos com os que têm transtornos de personalidade narcisista ou antissocial, psicopatia, borderline.

Depois de sofrer engodo, manipulação, mentiras descaradas e gaslighting, as pessoas que estão nesses relacionamentos se sentem como se estivessem enlouquecendo. O que mais elas precisam é de alguém que acredite na sua história e possa lhes explicar o que está acontecendo. Por isso elAs buscam ajuda terapêutica.

Infelizmente, muitos descobrem que o terapeuta não entende realmente do que eles estão falando.

Inúmeras pessoas que foram alvo de abuso e exploração relatam a mesma situação.

Os próprios profissionais de saúde não raro caem presas desses indivíduos portadores de transtornos de personalidade. Eles relatam que não tiveram nenhum preparo em seu curso profissionalizante para tal experiência.

Por quê?

Como é que psicólogos, assistentes sociais, médicos, e terapeutas diversos passam anos se preparando, no entanto não sabem o que fazer com o paciente que está sofrendo com alguém que constantemente proclama amor mas se porta cruelmente? Ou quando eles mesmos se deparam com um mentiroso sedutor?

Ninguém realmente sabe porque isso acontece, mas podemos fazer suposições.

 

Os portadores de transtornos não buscam terapia

Antes de mais nada, pessoas portadoras de transtorno de personalidade antissoial ou narcisista, ou psicopatia, se sentem muito bem, obrigado. Elas não veem nada de errado consigo mesmas, portanto não buscam tratamento. Os clínicos, portanto, quase nunca veem indivíduos com transtornos de personalidade em seus consultórios, e, portanto, não adquirem experiência com eles.

Somente terapeutas que trabalham em prisões, ou lidam com clientes que são enviados para terapia pelos tribunais se defrontam com os antissociais, os narcisistas e os psicopatas.

Mas esses indivíduos portadores de transtornos são aqueles cuja conduta cruzou o limite, de forma que as autoridades os mandaram para a prisão ou o tratamento. Os manipuladores que são espertos ou controlados o suficiente para voar abaixo do radar – assim como os 3,5 por cento de executivos corporativos que são psicopatas, de acordo com Dr. Robert Hare – não aparecem num consultório.

A menos que seus cônjuges os carreguem. Quando isto acontece, a pessoa com transtorno se apresenta calma, tranquila, e reservada, enquanto seu cônjuge está em ebulição, desmoronando. Os terapeutas são frequentemente seduzidos e concluem que o cônjuge furioso ou choroso é aquele que está com o problema.

 

Populações de pesquisa distorcidas

Quase toda a pesquisa sobre distúrbios de personalidade de adultos é feita usando dois tipos de população: prisioneiros ou estudantes universitários. Por quê? Porque essas são as populações que os pesquisadores podem acessar.

Esses grupos não representam o pleno escopo do comportamento em questão. Prisioneiros transgrediram a lei e foram pegos. Estudantes são em geral muito jovens e no início de suas carreiras de exploradores. Adultos com transtornos que têm anos de experiência em se safar com suas manipulações não estão incluídos em amostras de pesquisa.

Consequentemente, algumas das características que se costumam estabelecer com relação à conduta de transtornos de personalidade tendem a ser erradas, especialmente com relação à antissocial e psicopatia, a seguir:

– ele tendem a ser delinquentes

E quanto a todos os executivos corporativos psicopatas? Essas pessoas conseguem ficar fora da prisão, pelo menos até dizimar a empresa inteira.

– eles abandonam seus filhos

E quanto a todos os abusadores que brigam no tribunal pela custódia de seus filhos (só para ganhar)?

– eles não formam relacionamentos duradouros

Há um enorme número de pessoas que descobriram somente depois de 20 anos ou mais de casamento que seus cônjuges levavam vidas totalmente duplas.

 

Filtros protetores

Talvez profissionais de saúde mental não entendam transtornos de personalidade que exploram os outros, porque há algo mais básico ainda funcionando. Parece-me que a sociedade em geral simplesmente não quer reconhecer o fato de que predadores humanos vivem entre nós.

O conceito de que milhares de pessoas não estão interessadas em confiança e cooperação, mas prefere o poder e o controle, e que essas pessoas se misturam com tanta facilidade em nossas comunidades, é amedrontador. Quando a informação ameaça o nosso senso de segurança e previsibilidade, bem, talvez só queiramos eliminá-la.

Mas quando se trata de transtornos de personalidade que exploram os outros, a ignorância não é uma bênção. Ignorância cria um alvo.

traduzido e adaptado por Júlia Bárány

Deixe um comentário