Arquivo mensal: junho de 2017


SÍNDROME DE TRAUMA JUDICIAL

(por Júlia Bárány, baseado em artigo de Donna Andersen)

Você foi traumatizado, e agora precisa enfrentar no tribunal a pessoa que o traumatizou. Seja divórcio, guarda de filhos seja outra questão qualquer, saiba que o objetivo do seu oponente não é só ganhar a causa. O seu oponente irá usar todos os procedimentos legais e o judiciário para esmagar você.

Esse absurdo irracional frita o seu cérebro. Portanto, por cima do abuso original que você sofreu, as ações do seu oponente fazem você sofrer a Síndrome de Trauma Judicial, uma forma de TEPT, ou Transtorno de Estresse Pós-Traumático.

Como você pode se proteger quando é obrigada a enfrentar um manipulador coercivo na corte?

  • Em primeiro lugar, procure um amigo verdadeiro que possa acompanhar você e lhe dar apoio afetivo, emocional, psicológico.
  • Procure ajuda profissional de alguém que entenda o que é um manipulador narcisista, psicopata ou outro transtorno de personalidade. Não faça isso sozinha.
  • Prepare-se para as mais esdrúxulas e infindáveis mentiras. Na grande maioria das vezes, não há como provar que são mentiras.
  • Planeje estratégias que formem uma bolha de proteção ao seu redor.
  • Prepare-se para responder de forma apropriada quando for verbalmente atacada na corte.
  • Mantenha-se mentalmente protegida durante o litígio.
  • Se possível, obtenha um laudo de ter sido abusada e traumatizada.
  • Procure separar questões emocionais das questões legais.
  • Evite mediações “amigáveis” que jamais irão funcionar com um abusador, apenas lhe darão mais subsídios para ele continuar o abuso.
  • Saiba que o abusador aparecerá na corte com a maior serenidade e compostura, enquanto você estará tremendo por dentro e por fora. Ele vai fazer de tudo para transformar você em abusador e ele em vítima.
  • Ele vai fazer de tudo para extorquir o que você ainda tiver, seja dinheiro, posição social, ligações familiares, pois, não se engane, o objetivo dele é destruir você, não só ganhar a causa.

VIDAS DUPLAS DOS PSICOPATAS

Por Donna Andersen, traduzido por Júlia Bárány. Original em: https://lovefraud.com/sociopaths-and-double-lives-2/

 

Um repórter perguntou a respeito de pessoas que vivem vidas duplas. Por que eles o fazem? Eles conseguem manter vidas duplas por muito tempo? Quais são os perigos?

Assim como a maioria dos leitores de Lovefraud, (pessoas que viveram ou vivem com um psicopata) tenho certa experiência com isso. Meu ex-marido, James Montgomery, me traiu pelo menos com seis mulheres diferentes durante o nosso casamento de 25 anos. Ele teve um filho com uma das mulheres. Dez dias depois que eu o deixei, ele se casou com a mãe do filho, cometendo bigamia pela segunda vez. E é claro, ele levou um quarto de milhão de dólares de mim – gastando a maior parte do dinheiro com essas outras mulheres.

Nem todos que vivem uma vida dupla são psicopatas. Algumas pessoas, como espiões e polícia secreta estão apenas fazendo o seu trabalho. Mas todas essas pessoas que não têm uma razão legítima para criar uma existência alternativa – por que o fazem?

 

Exploração

 

Psicopatas são predadores sociais que vivem suas vidas explorando outros. A razão primordial de os psicopatas viverem vidas duplas provavelmente é porque isso lhes possibilita explorar muitas pessoas simultaneamente.

Isso vale especialmente para os parasitas que enxugam seus parceiros românticos. Eu soube de muitos e muitos casos em que os psicopatas, tanto homens quanto mulheres, se envolvem em dois, três ou até mais relacionamentos românticos ao mesmo tempo, e, de todos os seus parceiros, tomam dinheiro, sexo, carros, divertimento, o que for. Os psicopatas procuram suprimento, e quanto mais fontes de suprimento tiverem, melhor.

 

Promiscuidade

 

Outra razão para levarem vidas duplas é a promiscuidade dos psicopatas. A maioria deles tem um elevado apetite por sexo, uma energia surpreendente, e se entendiam com facilidade. Consequentemente, o que eles realmente querem nas suas vidas sexuais é variedade. Assim eles se engancham com uma variedade de pessoas, em lugares variados e se envolvem em uma variedade de atos sexuais.

Frequentemente, porém, os parceiros sexuais dos psicopatas não compartilham dessas proclividades de amplo espectro. Mas os psicopatas não se dão o trabalho de contar a verdade sobre o que estão fazendo. Os psicopatas simplesmente se entretêm em suas agendas sexuais com várias pessoas, mas mantêm todos separados. Às vezes isso requer elaborados estratagemas e manipulação.

 

Excitação do Jogo

 

Isso leva a outro ponto – muitos psicopatas simplesmente adoram o jogo. Eles adoram enganar as pessoas – um dos peritos chamou isso de “deleite da enganação”.

Por exemplo, pouco depois de nós noivarmos, meu ex-marido veio me visitar. Ele veio num carro estranho. Quando lhe perguntei de quem era o carro, ele me contou uma intrincada história sobre um amigo militar. A verdade era que ele tinha outra mulher que ficou com ele durante uma semana, e ele veio no carro dela até a minha casa. Eu não sei qual a razão que ele deu a ela para levar o carro, mas não importa o que tenha sido, era desnecessário, já que ele poderia ter vindo no seu próprio carro. Acredito que Montgomery só quis me visitar no carro dela pela excitação de enganar nós duas.

Fiquei sabendo de outros casos como esse. Uma mulher levou um homem com quem estava saindo a um jantar de negócios onde outro homem com quem ela estava saindo receberia um prêmio. Por quê? Pela diversão de ver um homem contorcer-se e outro sem noção do que estava acontecendo.

 

Máscara de normalidade

 

Finalmente, alguns psicopatas mantêm um emprego, uma família, um lar e vão à igreja para camuflar suas verdadeiras metas: sexo, drogas, crime e talvez até assassinato. É assim que alguns famosos serial killers funcionavam, como Dennis Lynn Rader, o assassino de BTK. Ele trabalhava, era um diácono na igreja, e matou 10 pessoas. Sua esposa durante 34 anos nunca soube de seu desejo de “amarrar, torturar e matar”.

Mesmo quando eles não são assassinos, muitos psicopatas estabelecem vidas “normais” para facilitar seus interesses de busca exploratória. Alguns psicopatas também se preocupam extremamente com sua imagem. Eles querem manter suas posições na sociedade, e ter um cônjuge, uma família, um emprego e um carro vistoso, tudo contribui para o seu status.

Em resposta a uma das perguntas no início deste artigo, muitos psicopatas podem, de fato, manter vidas duplas durante muitos, muitos anos. Eu soube de muitas mulheres que estiveram casadas por 10, 20, 25 anos e só depois descobriram chocadas o que seus maridos fizeram no decorrer dos seus casamentos inteiros.

 

Perigos das vidas duplas

 

Sim, suponho que alguns psicopatas enfrentam perigo por causa de suas vidas duplas – mas honestamente, não estou muito preocupada com eles.

Mas os perigos aos parceiros que desconhecem a situação são graves. Psicopatas drenam o dinheiro de seus parceiros para pagar suas atividades extracurriculares. Conforme relatei no meu livro: Bandeiras Vermelhas da Fraude do Amor – 10 sinais de que você está saindo com um sociopata, 20 por cento dos que responderam à pesquisa de Lovefraud disseram que seus parceiros psicopatas os infectaram com doenças sexualmente transmissíveis. Neste blog, eu tenho relatado pelo menos dois casos de homens que foram condenados por transmitir deliberadamente o HIV a seus parceiros sexuais que nada sabiam.

Mas mesmo quando os parceiros não são fisicamente prejudicados pelas vidas duplas dos psicopatas, o dano psicológico da traição é profundo. A descoberta da verdade conduz a dois tipos de choque: o choque das cruéis ações do psicopata, e o choque pessoal de que o parceiro esteva totalmente no escuro.

A recuperação, para os alvos, pode ser longa e difícil, e entrementes, os psicopatas simplesmente continuam em frente para uma nova vida.


VOCÊ NÃO FEZ NADA DE ERRADO

QUANDO VOCÊ ENTENDE QUE A PESSOA É PSICOPATA, (E O QUE É UM PSICOPATA) TUDO COMEÇA A FICAR CLARO

 

Aos poucos fui descobrindo mais mentiras, inconsistências, e de repente o quebra-cabeça começou a formar uma imagem.

Como era possível alguém olhar você nos olhos e dizer tal mentira descarada?

Que tipo de pessoa manipularia seu cônjuge como ele o fez nos últimos dois anos de nossa convivência? E talvez o tenha feito desde o início do nosso casamento? Flashes de cenas esquisitas, de seu comportamento incompreensível, de sua raiva contra mim nos momentos mais inadequados quando eu estava fragilizada, faziam minha cabeça girar num turbilhão de emoções dolorosas. Pedaços do meu passado que nunca fizeram sentido agora se tornavam claros: ele não tinha empatia. Se ele não sentia empatia nesses momentos delicados, ele nunca a sentiu. Então eu passei anos me dedicando com amor, compaixão e solidariedade, dando tudo de mim, de meus recursos, minha energia, meu trabalho para tudo ser tragado sem dó nem piedade por um buraco negro?

Essa descoberta dolorosa me derrubou de vez. Caí num choro convulsivo sem parar.

Consegui pegar no telefone e ligar para um amigo que sempre me apoiou nos piores momentos.

– Não pode ser -, ele respondeu. – Como é possível alguém não sentir absolutamente nenhuma empatia?

Esse meu amigo é uma das pessoas mais empáticas que conheço. Todo o seu relacionamento com o mundo e com as pessoas se fundamenta na empatia. Como eu também sou assim, isso me cegou para a falta de empatia do meu marido.

Desliguei, e o choro continuou a me sacudir até as entranhas. Um sentimento horrível de nojo e desespero me esmagava. Lá no fundo vinha se avolumando um medo gelado. Quem era esse homem? Com quem estive dormindo todos esses anos?

Consegui pegar no telefone e ligar para minha irmã. Finalmente você percebeu que havia algo de errado com esse sujeito, disse ela. Nós não gostamos dele desde o início. Todos sentíamos que algo não combinava com o discurso dele. Sentíamos como que uma nuvem escura e malcheirosa o envolvesse. Mas não tínhamos como falar com você. Você estava apaixonada e deslumbrada.

Então fui falar com um terapeuta. A minha primeira pergunta foi: o que é um psicopata?

Essa pergunta foi o início de uma longa travessia do deserto cheio de escombros e dor em que se transformou minha vida.

A resposta do terapeuta, repetida três vezes, foi a corda que ele jogou no fundo do poço em que eu estava:

Você não fez nada de errado.

Você não fez nada de errado.

Você não fez nada de errado.

Júlia Bárány